Os Estados Unidos deram nesta quarta-feira (24) sinais de disposição para reconstruir a aliança com a União Europeia e trabalhar em conjunto com seus parceiros frente à Rússia e à China.

O secretário de Estado, Antony Blinken, lançou uma operação de persuasão na Otan na terça-feira, que será concluída na noite de quinta-feira com a participação do presidente, Joe Biden, na cúpula dos líderes da UE.

As mensagens emitidas pelo governo dos Estados Unidos parecem destinadas a apaziguar os europeus.

“De forma alguma os aliados devem ser forçados a escolher entre nós ou a China”, disse Antony Blinken em uma reunião com seus colegas da Otan na quarta-feira.

“Sabemos que nossos aliados têm relações complexas com a China, que nem sempre estarão alinhadas” com as nossas, reconheceu.

Os europeus sempre mostraram sua relutância em fazer concessões ao relacionamento conturbado entre a China e o então presidente Donald Trump.

Eles concluíram no final de 2020 um acordo de investimentos com Pequim, a pedido da Alemanha. Mas atingiram os limites da cooperação com o governo chinês quando pediram acordos sobre o trabalho forçado e o fim da perseguição aos uigures.

“Há uma oposição muito forte dentro da UE a este acordo e as condições políticas para assiná-lo não foram cumpridas”, disse um diplomata nesta quarta-feira, antes da cúpula europeia. Os Estados Unidos não precisaram intervir.

– A “boa mensagem” –

A harmonia com a UE é mais fácil do que com a Rússia.

“Mesmo se trabalharmos com a Rússia para promover nossos interesses e os da aliança, também nos esforçaremos para responsabilizar a Rússia por suas ações imprudentes e conflitantes”, enfatizou Antony Blinken.

Como no caso da China, os Estados Unidos coordenaram com os europeus as sanções à condenação judicial na Rússia do opositor Alexei Navalny e à repressão contra seus apoiadores.

Por vezes, no entanto, Biden não hesita em entrar em confronto com alguns aliados. Ele bloqueou, por exemplo, a conclusão do gasoduto Nord Stream 2, cuja construção divide os europeus.

Antony Blinken não fez concessões sobre este tema durante sua entrevista com seu homólogo alemão Heiko Maas. Mas os Estados Unidos suavizaram sua posição quanto ao financiamento dos gastos militares.

Primeira economia da UE, a Alemanha luta para atingir a meta de 2% do PIB para a defesa em 2024.

“Reconhecemos a necessidade de adotar uma visão mais global de divisão de responsabilidades”, anunciou Antony Blinken na Otan na quarta-feira.

A ruptura é total com Donald Trump, que atacou os alemães acusando-os de serem “maus pagadores” e de contribuir para os cofres militares da Rússia comprando seu gás.

O secretário de Estado americano também ouviu e respondeu às preocupações expressas por muitos aliados europeus em relação ao comportamento agressivo da Turquia.

Durante sua entrevista com seu homólogo turco Mevlüt Çavuşoğlu, “ele exortou a Turquia a não manter o sistema de defesa aérea russo S-400, expressou preocupação com a retirada da Turquia da Convenção de Istambul (sobre a proteção das mulheres) e enfatizou a importância das instituições democráticas e respeito pelos direitos humanos”, disse seu porta-voz Ned Price.

“Blinken mostrou que os Estados Unidos avaliam os problemas com o desejo de revitalizar a Aliança e as relações com a União Europeia”, disse um diplomata europeu à AFP na quarta-feira.

“O fato de o presidente Biden se dirigir aos líderes europeus durante sua cúpula envia uma boa mensagem sobre sua sincera disposição de consultar os aliados antes de tomar qualquer decisão”, concluiu.