Os Estados Unidos impuseram nesta sexta-feira (6), pela primeira vez, sanções financeiras a um “misturador de criptomoedas”, um serviço acusado de estar envolvido em “ciberatividades nefastas” e em lavagem de dinheiro virtual por parte da Coreia do Norte.

O Departamento do Tesouro americano acusa o Blender.io de estar parcialmente ligado ao roubo de US$ 620 milhões em criptomoedas no fim de março. As autoridades americanas atribuíram o crime a um grupo de “hackers” ligados a Pyongyang.

Os chamados misturadores combinam criptomoedas, o que dificulta o rastreamento da origem dos fundos.

“Os misturadores de moedas virtuais que facilitam transações ilegais representam uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos”, declarou o subsecretário do Tesouro, Brian Nelson, em um comunicado.

“Tomamos medidas contra as atividades financeiras ilegais da Coreia do Norte e não deixaremos sem resposta os roubos apoiados por este Estado e por seus lavadores de dinheiro”, alertou.

Em meados de abril, o FBI (Polícia Federal americana) acusou os grupos Lazarus e APT38, hackers “associados” ao regime norte-coreano, de serem responsáveis pelo roubo de US$ 620 milhões em ethereum. Este crime foi precedido de um ataque, em março, a jogadores do jogo Axie Infinity, no qual as criptomoedas podem ser obtidas jogando, ou trocando avatares.

A rede Ronin, usada para este jogo, havia sido vítima de um dos maiores ataques informáticos relacionados a criptomoedas.

– Armas de destruição em massa –

“Para evitar as sanções da ONU e dos Estados Unidos, a Coreia do Norte recorre ao roubo de fundos de ‘exchanges’ de criptomoedas e de empresas baseadas em ‘blockchain’ para gerar receita para seus programas ilegais de armas de destruição em massa e mísseis balísticos”, disse o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em outra declaração.

Blinken lembrou, porém, mais uma vez, a mão estendida de Washington, que não deixa de reiterar seus apelos ao diálogo com Pyongyang, que permanecem sem resposta desde a chegada do presidente Joe Biden à Casa Branca em 2021.

De acordo com o Tesouro dos EUA, o misturador em questão foi usado para lavar mais de US$ 20,5 milhões dos US$ 620 milhões roubados.

Blender, que em inglês também significa “processador de alimentos”, é um serviço que facilita a lavagem de fundos extorquidos por “hackers”, dificultando o rastreamento “de sua origem, destino e contrapartes”, segundo o Tesouro.

“Sob o amparo de maior discrição”, “mistura” as várias transações que recebe antes de “transmiti-las para seus destinatários finais” e é “frequentemente usado” por criminosos, acrescentou o Departamento, observando que o Blender ajudou a transferir mais de US$ 500 milhões em bitcoins desde que foi criado em 2017.