O governo dos Estados Unidos impôs, nesta quinta-feira (8), sanções drásticas ao setor bancário do Irã, em um novo e grande passo para paralisar a economia de seu rival, semanas antes das eleições presidenciais em que Donald Trump buscará a reeleição.

O Departamento do Tesouro afirmou que sancionará 18 grandes bancos iranianos, o que pode isolar em grande parte o país de 80 milhões de pessoas do sistema financeiro mundial, em um momento em que tenta enfrentar a pandemia de covid-19.

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O governo de Trump não mencionou acusações específicas contra a maioria dos bancos, mas declarou em aspecto geral que todo o setor financeiro iraniano pode ser usado para apoiar o controverso programa nuclear de Teerã e sua “maligna influência regional”.

“Nossos programas de sanções continuarão até que o Irã deixe de apoiar atividades terroristas e encerre seus programas nucleares”, disse em um comunicado o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin.

Essa estratégia “impediria o acesso ilícito aos dólares americanos”, explicou.

O Departamento do Tesouro isentou as transações de bens humanitários como alimentos e medicamentos.

“Em plena pandemia de covid-19, o regime americano quer destruir nossos últimos canais para pagar pela comida e os medicamentos”, denunciou o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, no Twitter.

“Os iranianos sobreviverão a esta última crueldade, mas conspirar para que um povo sofra fome é um crime contra a humanidade”, acrescentou.

Segundo Barbara Slavin, do centro de estudos Atlantic Council, “estas sanções são sadismo disfarçado de política externa”.

“Não porão de joelhos o governo iraniano, mas fragilizarão as pessoas comuns (e) incentivarão o mercado negro”, destacou, também no Twitter.

Os diplomatas europeus, no entanto, consideram que as sanções dos Estados Unidos têm consequências humanitárias nefastas, já que poucas instituições de outros países estão dispostas a assumir os riscos de uma ação judicial na maior economia do mundo.

– 45 dias –

O Departamento do Tesouro aplicará as sanções em 45 dias, dando às empresas tempo para encerrar as transações no Irã.

Além disso, o prazo provavelmente dará uma chance de aguardar o resultado das eleições de 3 de novembro, com pesquisas que indicam que Trump está atrás do democrata Joe Biden – que apoia o retorno à diplomacia com o Irã.

Trump seguiu uma política de “máxima pressão” destinada a controlar o Irã, rival dos aliados dos Estados Unidos, Arábia Saudita e Israel.

O governo de Trump se mobilizou para impedir todas as exportações de petróleo iraniano, ignorando um acordo negociado com o ex-presidente Barack Obama, através do qual o Irã reduziu seu programa nuclear.

Em 2018, Trump retirou os Estados Unidos do acordo internacional sobre a questão nuclear iraniana, considerando que o texto, que data de 2015, é insuficiente para impedir que Teerã obtenha armas nucleares. Também buscava terminar com o comportamento “desestabilizador” do Irã no Oriente Médio, e assim a Casa Branca restabeleceu e endureceu as sanções americanas suspensas em 2015.