Por Jeff Mason e Michael Martina

WASHINGTON (Reuters) – O conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, levantou preocupações sobre os equipamentos da Huawei na rede de telecomunicações 5G do Brasil durante visita ao país na semana passada, disse uma autoridade da Casa Branca nesta segunda-feira, e afirmou que o Brasil não se comprometeu em relação ao uso ou não de produtos da empresa chinesa.

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Sullivan também pressionou o presidente Jair Bolsonaro sobre as alegações feitas por ele a respeito da integridade do sistema eleitoral, e disse que os EUA confiam na capacidade do Brasil de realizar eleições livres, disse o diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para o Hemisfério Ocidental, Juan Gonzalez, a repórteres, por telefone.

Gonzalez negou informações de que os Estados Unidos teriam oferecido apoio para uma parceria da Otan com o Brasil em troca de cooperação sobre equipamentos de 5G da chinesa Huawei Technologies Co Ltd, e disse que as duas questões não estão relacionadas e que não há “toma lá dá cá”.

“Nós apoiamos as aspirações do Brasil como um parceiro global da Otan, como uma maneira de aprofundar a cooperação na área de segurança entre o Brasil e os países da Otan ao longo do tempo”, disse Gonzalez.

“Nós continuamos tendo preocupações sobre o papel potencial da Huawei na infraestrutura de telecomunicações do Brasil”, disse Gonzales, acrescentando que a Huawei enfrenta “desafios enormes” na cadeia produtiva de seu semicondutor e que pode deixar seus clientes internacionais “na seca”.

O Brasil “não firmou compromissos conosco” em relação à Huawei, disse o diretor, acrescentando que autoridades norte-americanas haviam pedido que Brasil e Argentina construíssem indústrias nacionais.

Os Estados Unidos são contrários ao uso de tecnologia da Huawei pelo Brasil em instalações de segurança, embora empresas brasileiras de telecomunicações já tenham construído redes utilizando amplamente componentes chineses.

A Huawei foi colocada em uma lista negra de exportações norte-americanas em 2019 e foi proibida de acessar tecnologias importantes de origem norte-americana, o que afetou sua capacidade de desenvolver seus próprios chips e de obter fontes de componentes de vendedores internacionais.

Bolsonaro seguiu o ex-presidente norte-americano Donald Trump na oposição à Huawei, por conta de acusações de que a empresa compartilha dados confidenciais com o Partido Comunista chinês e seu governo. Mas, como a China é o maior parceiro comercial do Brasil, o presidente tem enfrentado resistência do setor e de dentro de seu próprio governo.

Gonzalez disse que autoridades norte-americanas foram “muito diretas” ao expressar confiança na capacidade das instituições brasileiras em conduzir eleições livres e justas no ano que vem, com as salvaguardas apropriadas contra fraudes.

“Nós ressaltamos a importância de não incentivar a desconfiança no processo, especialmente já que não há sinais de fraudes em eleições anteriores”, disse.

Bolsonaro tem defendido a necessidade do voto impresso para urnas eletrônicas, afirmando, sem apresentar provas, que houve fraudes em eleições anteriores. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem repetido que o sistema de votação brasileiro é confiável.

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