Até o final de 2026 o mercado global de ETFs (Exchange Trade Funds, da sigla em inglês) deve praticamente dobrar, movimentando cerca de US$ 18 trilhões. É o que mostra uma pesquisa feita pela consultoria PwC, ouvindo gestores que representam 80% dessa indústria no mundo. Nos últimos cinco anos, os ETFS caíram no gosto dos investidores e o movimento triplicou, saltando de US$ 3,3 trilhões em negócios, em 2016, para quase US$ 10 trilhões, em 2021. Conhecidos como fundos de índice, por replicar os maiores índices das bolsas mundiais, esse tipo de investimento vem conquistando adeptos por ser uma boa alternativa de diversificação da carteira a baixo custo e menor risco.

Os ETFs se popularizaram muito em mercados mais amadurecidos como os Estados Unidos e a Europa, segundo o sócio da PwC, Caio Arantes. “Eles atraem pela facilidade de se investir em ativos que estão na bolsa, mas de uma forma equilibrada, considerando a cesta dos ativos mais negociados”, afirmou. Ao remontar os principais índices como o S&P ou Ibovespa, esses ativos garantem as aplicações de forma simples e segura para o investidor.

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Segundo Arantes, a pesquisa se concentrou mais nos mercados onde os investimentos são mais difundidos, como Estados Unidos e Europa. “Por serem negociados em bolsa, este tipo de fundo acaba afastando investidores mais iniciantes, como temos hoje no Brasil”. Mesmo assim há expectativa de que eles também atraiam cada vez mais investidores por aqui. O potencial é grande, uma vez que a indústria de ETFs ainda não chega nem a 1% do mercado global. “De acordo com dados da Anbima, o total movimentado no mercado é de R$ 6,7 trilhão e o volume dos ETFs não chegam a R$ 41 bilhões. O que demonstra o potencial de crescimento”, disse Arantes.

O estrategista da gestora Ouro Preto, Bruno Komura, não acredita numa evolução tão rápida no Brasil. Para ele, a falta de conhecimento de produtos financeiros e a aversão ao risco dos brasileiros, especialmente com ativos negociados em bolsa, devem fazer com que os ETFs tenham uma evolução mais lenta do que em outros mercados mais maduros. “Apesar do aumento substancial no número de investidores na bolsa brasileira, a velocidade de crescimento dos ETFs por aqui será menor”, disse ele. As incertezas que balançam as bolsas em função das crises afastam os investidores. “Mas, com o tempo, pode ser que essa barreira seja quebrada”.

Mais da metade dos executivos ouvidos pela PwC, (58%) disseram que entre os produtos que mais devem se destacar nos próximos anos estão o ETFs ligados à renda fixa, criptomoedas e ESG, que prevê o desenvolvimento ambiental, social e de governança.

A consultoria acompanha a evolução dos ETFs desde os anos 90, quando eles deixaram de ser um produto mais de nicho e começaram a se popularizar lá fora pela facilidade de negociação e maior transparência. Tudo isso, com o equilíbrio de um índice básico. E mesmo com a pandemia a PwC diz que o ativo passou nos testes de resiliência. O estudo mostra que, apesar das incertezas econômicas e da volatilidade em 2020 e 2021, os ETFs saíram da crise mais fortes, mantendo o crescimento, mesmo que em patamar abaixo dos últimos anos.