O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, afirmou ontem estar “preocupado” com a possibilidade de facções criminosas aproveitarem o fim do financiamento empresarial de campanhas para eleger representantes nas eleições de 2018. Na avaliação do ministro, o Brasil corre o risco de ver sua democracia “refletir a atuação do crime organizado”.

A declaração foi dada na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, na Urca, zona sul do Rio. “Com o fim do financiamento privado (de empresas) de campanha, você só tem três financiamentos hoje: o estatal, o crime organizado e as igrejas – existem igrejas e igrejas. São só esses três que têm dinheiro fácil para distribuir”, afirmou Etchegoyen. “O crime organizado tem capacidade financeira para colocar na campanha, com objetivo de eleger representantes”, disse o ministro.

‘Mexicanizar’

Etchegoyen ainda citou casos de países que enfrentam problemas com narcotraficantes, como México e Colômbia. “Quando eu falo em eleição de 2018, o que nós estamos colocando em jogo é o modelo que nós escolhemos, o modelo de democracia que nós escolhemos. Ou nós vamos mexicanizar, colombianizar, ou o que for, ou nós vamos enfrentar o problema comum que eles têm”, afirmou o ministro.

Para ele, “ou o nosso voto vai refletir a vontade soberana de uma sociedade saudável, ou ele vai refletir a atuação do crime organizado”. “É disso que nós estamos tratando”, disse Etchegoyen. Segundo o ministro, as ações do GSI com as forças de segurança que estão atuando no Rio também visam a evitar a ação de facções nas eleições. “O GSI se ocupa das ameaças à segurança institucional. Me parece que nós temos uma clara aí.”