Estudos publicados na última semana avançaram na identificação das sequelas mentais presentes nos infectados com a chamada Covid longa, que se estende por mais tempo, e identificaram diferenças na memória, no sono, além de traços de depressão e ansiedade. 

Uma delas foi liderada por pesquisadores da Universidade da Islândia e publicada no site The Lancet. Ela mostrou que houve um aumento de 18% nos quadros de depressão e 13% em transtorno de sono em pacientes que foram acompanhados por até 16 meses.  

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A pesquisadora Unnur Anna Valdimarsdóttir disse ainda que os pacientes que ficaram mais de 7 dias acamados tiveram 61% a mais de chances de desenvolverem sintomas de depressão e 43%de ansiedade. No total, 247 mil pessoas foram acompanhadas na Islândia, Estônia, Dinamarca, Noruega, Suécia e Reino Unido. 

Outra pesquisa desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido também chamou a atenção para sequelas neurológicas, como problemas de memória. 78% das pessoas consultadas registraram problemas na concentração, 69% tiveram confusão mental, 68% problemas de memória e 60% encontraram dificuldades em achar palavras para se expressarem.         

“Dadas as evidências de sintomas neurais generalizados e danos neurais demonstráveis, pode-se esperar que a infecção por COVID-19 esteja associada a déficits cognitivos. De fato, existem algumas evidências iniciais que ligam as alterações neurais após o COVID-19 e os déficits cognitivos. A evidência de hipometabolismo frontoparietal em pacientes mais velhos que apresentavam sintomas neurológicos pós-COVID-19 por meio de tomografia por emissão de pósitrons (PET) estava associada a níveis neuropsicológicos mais baixos, particularmente em testes de memória verbal e funções executivas”, apontou o estudo, que foi publicado pela Frontiers in Aging Neuroscience.

Ambos os estudos apontaram que um período longo de internação pode piorar esses quadros de problemas mentais e neurológicos. A porta-voz do departamento de psicologia de Cambridge, Lucy Cheke, disse em um comunicado para a imprensa que os governos e a comunidade médica precisam levar mais a sério esse tipo de sequela, pois elas podem ter um grande impacto na população economicamente ativa.