Um estudo dinamarquês publicado nesta quarta-feira (18) sugere que usar máscara tem apenas um efeito leve para se proteger da covid-19, mas muitos cientistas consideram que o informe não chega a uma conclusão sólida e apresenta alguns defeitos.

Um dos autores, Kasper Iversen (Universidade de Copenhague), declarou à AFP que “as recomendações atuais (de usar máscara quando for impossível o distanciamento social, ndr) não são questionadas seriamente pelo estudo”.

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Realizado com 6.000 pessoas, o estudo publicado na revista Annals of Internal Medicine do American College of Physicians, mostra que 1,8% de quem usa máscara adquiriu a covid-19, contra 2,1% entre aqueles que não a usam.

Embora isso indique que a máscara tem um pequeno efeito protetor, o tamanho da amostra é insuficiente para estabelecer um significado estatístico, segundo seus autores.

“Não conseguimos mostrar um efeito significativo”, admitiu Iversen, para quem o efeito de usar máscara, embora não seja totalmente insignificante, “não é tão importante como antecipávamos”.

No entanto, um artigo em anexo publicado com o estudo destaca suas múltiplas carências.

Por um lado, foi realizado em um país com taxas de transmissão relativamente baixas. Por outro, menos da metade dos participantes (46%) aplicou corretamente as recomendações para usar máscara. Por fim, seus resultados são baseados em testes de detecção de anticorpos, cuja confiabilidade é variável.

O estudo, denominado “Dinamarca-19”, foi realizado entre abril e maio, quando quase ninguém usava máscara no país, exceto nos serviços de doenças contagiosas dos hospitais.

Na Dinamarca, relativamente pouco afetada pela pandemia, usar máscara tornou-se progressivamente obrigatório a partir de agosto ao ser introduzida nos transportes públicos e depois em bares, cafés e restaurantes. Somente no fim de outubro chegou a todos os lugares públicos fechados.