A variante gama, mais uma mutação da Covid-19, está ligada ao aumento da mortalidade, segundo um estudo da Escola T.H. Chan de Saúde Pública, da Universidade de Harvard, e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos.

A pesquisa, publicada no jornal Genetic Epidemiology, mostra que a mutação também carrega mais transmissibilidade e maiores taxas de infeção, o que aumenta as preocupações da comunidade cientifica.

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Os resultados tiveram por base a metodologia de estudos de associação do genoma (GWAS), que analisou os dados de sequenciamento do genoma completo de mutações SARS-CoV-2 e dados de mortalidade de Covid-19.

Em setembro de 2020, a equipe procurou ligações entre cada mutação do RNA do vírus SARS-CoV-2 e a taxa de mortalidade em 7.548 pacientes com Covid-19 no Brasil.

Os pesquisadores descobriram uma mutação – no locus 25.088bp no genoma do vírus – que altera a proteína spike e foi associada a um aumento significativo da mortalidade em pacientes com Covid-19. A equipe sinalizou a variante com essa mutação, que mais tarde foi identificada como P1.

“Com base na nossa experiência, a metodologia GWAS pode oferecer ferramentas adequadas, que podem ser usadas para analisar ligações potenciais entre mutações em locais específicos de genomas virais e o resultado da doença”, explicou em comunicado, Christoph Lange, professor de bioestatística na Harvard Chan School e um dos autores do estudo.

Segundo o responsável estas descobertas podem “permitir uma melhor detecção em tempo real de novas variantes e também novas estirpes virais em futuras pandemias”, acrescentou Lange.

Os primeiros pacientes no Brasil com a variante P1 foram registados em janeiro de 2021 e em poucas semanas a variante causou um aumento nos casos em Manaus. A cidade já tinha sido duramente atingida pela pandemia em maio de 2020, e os pesquisadores pensaram que os moradores já tinham alcançado imunidade de grupo, porque muitos desenvolveram anticorpos contra o vírus durante a vaga inicial.

Em vez disso, a P1, que tem várias mutações na proteína spike que o vírus usa para se ligar e invadir uma célula hospedeira, causou uma segunda onda de infeções, sugerindo uma maior transmissibilidade e probabilidade de causar a morte, face às variantes anteriores conhecidas na área.