Um novo artigo na revista Nature relatou resultados bem-sucedidos de testes pré-clínicos para uma vacina exclusiva para asma. A nova pesquisa descreve o desenvolvimento de um imunizante projetado para induzir o corpo a produzir seus próprios anticorpos contra duas moléculas inflamatórias, IL-4 e IL-13, observada em produção excessiva em cerca de 50% dos pacientes com asma.

Os pesquisadores desenvolveram o que é chamado de vacina conjugada, que liga um antígeno fraco a um antígeno forte para induzir anticorpos contra o antígeno fraco. Neste caso, a vacina experimental para asma acopla as duas moléculas de IL com uma toxina não patogênica. Os resultados indicam que a vacina gera anticorpos contra as moléculas inflamatórias conhecidas por causar asma grave e os pesquisadores agora estão olhando para os testes clínicos em humanos de primeira fase.

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No estudo publicado recentemente, os pesquisadores descrevem vários testes pré-clínicos bem-sucedidos dessa vacina contra asma. Usando ratos como modelos, os pesquisadores demonstraram que a vacina produz anticorpos contra IL-4 e IL-13 até um ano após a imunização. O estudo também mostrou que a vacina reduz os sintomas de asma em experimentos que modelam surtos alérgicos agudos.

A asma é uma doença muito heterogênea, portanto, além de tratar um surto agudo com corticosteroides inalatórios, há grandes desafios no desenvolvimento de um tratamento universal. Foi demonstrado que o bloqueio das ações dessas duas moléculas inflamatórias diminui a taxa de surtos graves de asma e melhora a função pulmonar. Na verdade, um tratamento chamado dupilumab foi desenvolvido para fazer exatamente isso.

Dupilumab é um tratamento com anticorpo monoclonal desenvolvido para bloquear a sinalização de IL-4 e IL-13. Foi aprovado para uso em casos moderados a graves de asma em 2018, mas sofre várias limitações como terapia de longo prazo. As terapias com anticorpos monoclonais são notoriamente caras, custando milhares de dólares por dose e precisam de dosagem consistente para tratar doenças crônicas.

Uma questão que precisa ser resolvida antes que a vacina possa passar para testes em humanos mais amplos é que tipo de efeito a inibição da atividade de IL-4 e IL-13 tem nas respostas imunológicas de longo prazo. O dupilumabe, que bloqueia a atividade da IL-4 e da IL-13, ainda é uma terapia relativamente nova, mas há evidências clínicas de pacientes sendo tratados com segurança por até dois anos com o anticorpo monoclonal.

Isso sugere que uma vacina que oferece inibição de longo prazo dessas moléculas do sistema imunológico é viável e potencialmente segura. No entanto, avaliações cautelosas nos próximos anos serão necessárias antes que esta vacina possa ser amplamente administrada.

Se os testes clínicos subsequentes para esta vacina se mostrarem seguros e bem-sucedidos, é difícil subestimar o quão significativo o tratamento seria para milhões de pessoas que sofrem de asma em todo o mundo. Além de servir como vacina profilática para asma e tratamento terapêutico, os pesquisadores sugerem que esse tipo de vacina pode ser eficaz contra muitas outras doenças alérgicas sustentadas pelas mesmas moléculas inflamatórias.