Pesquisadores acreditam ter descoberto a chave para a sobrevivência das plantas no deserto do Atacama-Chile, que depois dos Polos Norte e Sul, é o lugar mais seco do planeta.   

Com extrema escassez de água, luz em alta radiação e a mais de 2,5 mil metros acima do nível do mar, o Deserto do Atacama abriga dezenas de espécies de plantas por boa parte de sua extensão, algo que sempre intrigou os cientistas.  

+ A genética do crescimento

No entanto, durante dez anos de pesquisa, pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Chile, com colaboração de especialistas internacionais, analisaram o solo, o clima, a temperatura e a vegetação – 32 espécies diferentes – de 22 áreas distintas do Atacama. 

Após a comparação genômica dessas plantas com espécies semelhantes, de áreas mais úmidas, o estudo detectou a presença de 265 genes com mutações na vegetação desértica. 

Segundo os pesquisadores, as mutações fazem parte do processo de evolução que permitiu a adaptação dessas plantas em um ambiente tão extremo. Entre as alterações, foi possível notar a presença de um gene que auxilia a espécie vegetal a resistir à radiação do Deserto, mudando o processo de fotossíntese.

“Nosso estudo é relevante para regiões que estão se tornando cada vez mais áridas, com fatores como as secas, temperaturas extremas e a presença do sal na água e no solo, que representam uma ameaça significativa à produção global de alimentos”, relatou o pesquisador Rodrigo Gutiérrez, coautor da pesquisa, para a BBC News Mundo.