O governo do primeiro-ministro Boris Johnson corrigiu sua estratégia contra a pandemia de coronavírus, criticada por não ser contundente, em função de um estudo que mostrou que as medidas previstas só permitiriam reduzir as mortes pela metade, informa a imprensa na terça-feira.

De acordo com o estudo do Imperial College de Londres, publicado após a entrevista coletiva de Johnson na segunda-feira à noite, a resposta moderada adotada até então pelo governo britânico teria reduzido o número de vítimas fatais de 500.000 – na ausência total de medidas – para 260.000 no país.

Numa mudança de postura, o primeiro-ministro conservador pediu na segunda-feira à população que evite qualquer “contato não essencial” e as “viagens desnecessárias”, trabalhando de casa e não frequentando bares, restaurantes, teatros e outros eventos sociais.

Também pediu para que todas as famílias que tenham um membro com febre ou tosse adotem o confinamento em suas casas, sem sair “nem para fazer compras” se possível.

Nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, decidiu “com efeito imediato (…) aconselhar os cidadãos britânicos a não viajar por um período inicial de 30 dias, que posse ser revisto”.

As determinações não são obrigatórias no momento e as escolas permanecem abertas no Reino Unido, que registra 1.543 casos confirmados – apesar de não realizar testes sistemáticos e reconhecer que o número de infectados é muito maior – e 55 mortos por coronavírus.

Nesta terça, as ruas de Londres estavam parcialmente desertas e apenas alguns pais levavam seus filhos às escolas.

Muitas empresas organizam trabalho home office, enquanto museus e teatros anunciaram seu fechamento.

Até o metrô da capital, normalmente lotado, parecia vazio no horário de pico.

O ministério da Saúde e Questões Sociais deve apresentar em detalhes a legislação de emergência a ser submetida a partir de quinta-feira ao Parlamento para se adaptar à situação.

os pesquisadores do Imperial College, um dos centros que trabalha para tentar desenvolver uma vacina contra a covid-19, consideram que o confinamento voluntário permitirá ao Reino Unido limitar o número de mortes a “milhares ou dezenas de milhares”.

Na opinião de Azra Ghani, uma das pesquisadores, se o confinamento for respeito de maneira estrita o país pode registrar quase 20.000 mortes provocadas pelo coronavírus.

Outro autor do estudo, Neil Ferguson, membro da equipe científico que aconselha Johnson, afirmou à rádio BBC que também transmitiu suas conclusões ao governo americano, que reforçou suas medidas.

O principal desafio da nova estratégia, segundo o Imperial College, é manter as medidas “até que exista uma vacina disponível”, o que poderia demorar 18 meses.

Johnson havia sido duramente criticado por sua estratégia diante da pandemia, que era de adiar a imposição de medidas estritas tomadas em outros países europeus.