Pesquisadores brasileiros e americanos da Universidade Federal do Rio (UFRJ) e da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia (EUA) conseguiram determinar, pela primeira vez, o exato momento em que o Parkinson começa a se desenvolver. A descoberta pode ajudar no diagnóstico precoce da doença e no tratamento.

Os cientistas já sabiam que o Parkinson – uma enfermidade neurodegenerativa progressiva – está ligado ao acúmulo no cérebro de agregados da proteína alfa-sinucleína. Agora, os especialistas conseguiram identificar a formação inicial dessas estruturas e também como elas se espalham pelo cérebro. O trabalho foi publicado na Communications Biology, uma revista científica da Nature.

Atualmente, o diagnóstico da doença é clínico, feito somente muito tempo depois dos primeiros estágios da enfermidade, quando o paciente já apresenta sintomas. Da mesma forma, não existe tratamento definitivo, apenas paliativo.

Por isso, compreender como essas estruturas se organizam é fundamental para identificar os estágios iniciais da doença. Antes de formar os agregados de alfa-sinucleína, as proteínas passam por um estágio intermediário, chamado de oligômeros.

“Uma pessoa desenvolve Parkinson ao longo de toda uma vida. A conversão entre os diferentes estágios da proteína acontece lentamente e as estruturas intermediárias e os filamentos vão se acumulando no cérebro durante muito tempo. E não sabemos qual dos dois desencadeia o surgimento dos sintomas nem qual é o mais tóxico para as células”, explica o pesquisador Guilherme de Oliveira, da Universidade da Virgínia, principal autor do estudo. “Se conseguirmos entender o início dessa conversão, poderemos desenvolver uma terapia para o tratamento precoce da doença”, acrescenta. Parkinson tem prevalência de 100 a 200 casos por 100 mil habitantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.