A partir dos quatro anos, crianças, especialmente meninos, geralmente associam poder e masculinidade, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira na revista científica Sex Roles.

“Nas interações entre figuras masculinas e femininas, as crianças tendem a associar o indivíduo que domina ao homem”, disse à AFP Jean-Baptiste Van Der Henst, do Instituto de Ciências Cognitivas Marc Coner.

O estudo envolveu mais de 900 crianças de 3 a 6 anos.

Em um pedaço de papel, duas crianças são desenhadas. Um em uma postura de dominação, a outra representando subordinação.

Nenhum dos personagens oferece a menor pista de gênero e, no entanto, “a partir dos quatro anos, a grande maioria das crianças considera o personagem dominante um menino”, disseram os pesquisadores em um comunicado à imprensa. Sejam meninos ou meninas, do Líbano, França ou Noruega.

“Ficamos surpresos por não haver diferença entre os países, especialmente entre o Líbano e a Noruega”, considerada como menos desigual nesta questão, admite Jean-Baptiste Van Der Henst.

Em outro experimento, os pesquisadores pediram às crianças que escolhessem na pele de qual das duas crianças se veriam melhor.

Resultado: se os meninos escolheram o dominante, as meninas, quando se imaginavam encarando um garoto, se identificavam indiferentemente com um ou outro dos personagens.

“As meninas são menos inclinadas a considerar que o gênero dominante é o dos meninos”, observa o pesquisador do CNRS.

Continuando a pesquisa, os pesquisadores fizeram a escolha de confrontar as crianças com personagens com gênero bem marcado: um fantoche de menina e um fantoche de menino, com vozes idênticas.

As duas figuras primeiro brincam juntas na frente das crianças e depois desaparecem do campo de visão enquanto continuam a conversar.

Rapidamente, um impõe suas escolhas ao outro. “Os meninos tendiam a dizer que era o fantoche menino quem decidiu, enquanto as meninas não atribuíam mais a postura de poder ao fantoche masculino”, resume o pesquisador do CNRS.

“No nível global, há uma tendência de associar masculinidade e poder, mas com variações de acordo com o gênero dos participantes em determinadas experiências”, resume.

Por que essa variação? Na primeira experiência, o poder é expresso por uma postura. “Talvez essa forma de poder um tanto agressiva e coercitiva esteja mais associada a algo masculino”, diz Jean-Baptiste Van Der Henst.