Só piora o estresse no mercado de câmbio e o Banco Central anunciou leilão de venda à vista de US$ 1 bilhão, levando o dólar a desacelerar da máxima a R$ 5,6727 há pouco. Os investidores estrangeiros e locais seguem reforçando posições defensivas contra o Brasil.

O economista-chefe da Asa Investment, Carlos Kawall, diz que a tensão reflete o episódio de derrubada do veto a reajustes para o funcionalismo até o fim de 2021 pelo Senado. “Já fez estrago e, se a Câmara não reverter a decisão dos senadores, o dólar pode caminhar para perto dos R$ 6,00 ou mais”, avalia.

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Kawall diz que a probabilidade maior é de a Câmara não confirmar a derrubada do veto pelo Senado. “Se não houver 257 votos ou mais pela derrubada, o veto será mantido”, calcula. O efeito da medida do Senado é relevante do ponto de vista fiscal e indica falta de alinhamento dos senadores com a agenda do ministro da economia, Paulo Guedes, de reduzir gastos obrigatórios. “Preocupa muito pela falta de compromisso do senado com a agenda de redução de gastos, enquanto milhões de brasileiros perderam emprego”, afirma.

A Pnad Covid mensal mostra que em julho mais 2 milhões de pessoas perderam empregos e há grande número de trabalhadores ainda tendo redução de jornada e salários e até a própria suspensão do contrato de trabalho e recebendo ainda seguro-desemprego, comenta. “Tratamento desigual para servidores em contexto de crise gravíssima é um sinal péssimo do senado para ajudar o País a sair da crise”, conclui.