Com a melhora do ambiente externo, no dia 11, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 480,394 milhões na B3, após dez pregões consecutivos de retiradas consideráveis. Naquela sexta-feira, quando os Estados Unidos e a China finalmente fecharam um primeiro entendimento em relação à guerra comercial, o Ibovespa encerrou em alta de 1,98%, aos 103.831,92 pontos, e um giro financeiro de R$ 15,5 bilhões.

Em outubro, os investimentos estrangeiros já registram um saldo negativo de R$ 9,913 bilhões na B3, resultado de compras de R$ 56,537 bilhões e vendas de R$ 66,451 bilhões.

No acumulado do ano, este saldo segue negativo em R$ 30,716 bilhões.

Na avaliação de Igor Gruvinel, diretor de investimentos da Doc Concierge, grande parte do fluxo negativo visto nessa primeira quinzena de outubro pode ser atribuída ao acirramento da negociações comerciais entre EUA e China.

Em apenas quatro pregões (entre 1º e 4 de outubro) foi apurada a retirada de R$ 6,2 bilhões em recursos estrangeiros da bolsa paulista. “Vimos o pico dessa tensão global nos primeiros dias deste mês e agora, com os recentes avanços nas negociações, acredito que o volume de saídas deve desacelerar”, aponta.

No domingo, dia 13, o presidente norte-americano, Donald Trump, reforçou em sua conta oficial no Twitter a decisão já anunciada, de que não iria aumentar as tarifas impostas a bens chineses de 25% para 30%. A elevação estava prevista para entrar em vigor nesta terça-feira, 15.

As incertezas no ambiente econômico brasileiro são outro ponto importante nessa conta, segundo Karina Garbes, economista-chefe do App Renda Fixa. “Temos agora a semana decisiva da aprovação do texto base da reforma da Previdência, que foi um dos principais focos dentre as promessas deste novo governo. Enquanto o Governo não demonstrar efetivamente que conseguirá construir e aprovar reformas como a da Previdência, os investidores estrangeiros continuarão temerosos enquanto este processo continuar”, ressalta.

O crescimento pouco expressivo da economia brasileira, observa a economista, também faz com que os investidores aguardem mais para poder entrar de fato no Brasil. Para Gruvinel, o País está dando sinais de que pode prosperar, só que esses sinais ainda são pequenos aos olhos do investidor estrangeiro.