A cotação do petróleo no mercado internacional e o câmbio não vão dar trégua à economia brasileira nos próximos meses e devem continuar pressionando os preços dos combustíveis, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast. A tendência é de que as ofertas de petróleo e de derivados como a gasolina continuem descoladas da demanda. Assim, com mais compradores do que vendedores e também com a moeda americana valorizada em relação ao real, a expectativa é de alta de preços nos postos.

Vendido a mais de US$ 80, o barril do petróleo do tipo Brent, negociado em Londres, ficou 60% mais caro neste ano, e mais do que dobrou nos últimos 12 meses. No Brasil, a política da Petrobras é a de repassar para os seus preços as oscilações externas. Assim, a gasolina já acumula alta de 73% no ano, enquanto o óleo diesel já foi reajustado em 66%.

Segundo importadores, há ainda uma defasagem entre os valores cobrados pela estatal e os preços negociados nos principais centros de comercialização do mundo. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula uma diferença, na média dos portos nacionais, de 11% para a gasolina e de 13% para o óleo diesel.

Com a defasagem entre os preços internos cobrados pela Petrobras e os negociados no mercado internacional, especialistas afirmam que não haveria espaço para os importadores competirem com a estatal no mercado interno de combustíveis.

“Os principais determinantes dos preços no Brasil – preço internacional do petróleo e dólar – continuam pressionando para altas. A defasagem já está significativa. Para os próximos meses, o preço internacional tende a ficar mais elevado, pois os estoques estão baixos e a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) está com condições de controlar a oferta. Pelo lado do câmbio, a situação atual não indica alívio”, afirma o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Luciano Losekann, especialista na área de petróleo e gás natural.

INVERNO. A avaliação da S&P Global Platts é de que os estoques de derivados estão baixos nos principais centros de comercialização, justamente quando se aproxima o inverno no Hemisfério Norte, com aumento do consumo. “O refino, principalmente na Europa e em partes da Ásia, está sentindo uma pressão adicional dos altos preços do gás natural. Refinadores incapazes de substituir o gás por insumos mais baratos podem precisar cortar produção à medida que as margens são comprimidas”, afirma a consultoria. Além disso, a S&P Global Platts acredita que a recuperação das economias, passada a crise gerada pela covid-19, continuará sustentando a demanda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.