O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, avaliou que o mercado de crédito teve comportamentos distintos em 2017, com retração de janeiro a setembro, e crescimento consecutivo nos meses do último trimestre do ano, com alta de 1,3% de outubro a dezembro.

“O crédito iniciou o processo de recuperação, que é gradual. Algumas modalidades saem na frente e outras demoram mais, mas está alinhado com a recuperação da atividade econômica que vimos no ano passado”, afirmou Rocha. “A queda de 0,6% no estoque de crédito no ano se deveu ao desempenho no primeiro semestre”, acrescentou.

Segundo Rocha, a recuperação foi puxada pelo crédito livre, em especial para pessoas físicas. O saldo de crédito livre em dezembro, de R$ 1,582 trilhão inclusive, foi o maior desde março de 2016.

“O crédito para pessoas físicas é o que tem se recuperado de forma mais significativa e o saldo total de R$ 1,648 trilhão para as famílias em dezembro foi o maior da série histórica do BC, iniciada em março de 2007”, completou Rocha.

Já para as empresas, embora o saldo em dezembro tenha crescido 0,9%, a queda em 2017 ainda foi de 7,0%. “Ainda não temos elementos para dizer o quando o resultado de pessoas jurídicas em dezembro significa recuperação”, avaliou.

Efeito sazonal

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central disse que o recebimento de 13º salário tem efeito sazonal no mercado de crédito para pessoas físicas em dezembro, com a troca de operações mais caras por modalidades mais baratas.

“O cliente com 13º salário quita parcelas de endividamento em linhas mais caras. Temos redução no cartão de crédito rotativo, no cheque especial e nas operações com crédito consignado. Por outro lado, temos aumento nas concessões com o cartão de crédito à vista”, afirmou Rocha.

Já para pessoas jurídicas, que pagam o 13º em dezembro, há um aumento das operações de crédito de curto prazo no mês.

BNDES

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central disse que o desempenho das concessões de crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) permaneceu em trajetória de redução em 2017, com queda de 1,8% em dezembro e baixa de 3,1% no ano.

O saldo de crédito do banco de fomento caiu de R$ 552,342 bilhões em dezembro de 2016 para R$ 487,331 bilhões no mês passado.

“O BNDES tem devolvido recursos para a União e liquidado operações sem renovação, o que explica essa queda”, afirmou Rocha. “Não temos uma separação clara entre a oferta e a demanda pelo crédito do BNDES. Nas estatísticas, temos os saldos de operações realizadas, mas não temos como falar de demanda”, completou.

Duplicatas

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central destacou que o saldo de crédito na modalidade de desconto de duplicatas aumentou em dezembro em função da maior necessidade de caixa de das empresas no mês.

No mês passado, a alta na modalidade foi de 31,5%. “As empresas usam esses recursos para pagar o 13º salário dos funcionários”, explicou.