Mark Zuckerberg, o fundador da rede social Facebook, é um dos empreendedores mais conhecidos do mundo. Com apenas 26 anos, ele tem uma fortuna avaliada em US$ 6,9 bilhões, de acordo com a revista Forbes. É hoje mais rico que Steve Jobs, o lendário criador da Apple. Sua imagem estará nos próximos meses em um filme de Hollywood, no desenho animado Os Simpsons e em histórias em quadrinhos. Mas é outro rosto, ainda desconhecido, que está desbravando um novo território na web. Andrew Mason, o garoto de 29 anos da foto ao lado, criou o Groupon, site de compras em que uma oferta só é válida se um número mínimo de compradores for atingido. 

 

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“Somos a melhor forma de divulgação para um pequeno negócio até hoje”

Andrew Mason > fundador do Groupon

 

Em apenas dois anos, o negócio decolou em uma velocidade impressionando e já é avaliado em US$ 1,35 bilhão. De acordo com a Forbes, o Groupon é a empresa com o crescimento mais rápido da história, à frente da loja virtual Amazon, do Google e do próprio Facebook. 

 

O banco Morgan Stanley estimou o faturamento da companhia em US$ 500 milhões em 2010. Já em 2011, deve romper a casa de US$ 1 bilhão, valor que Google e Amazon levaram cinco anos para atingir e a Apple, oito. O Facebook deve alcançar essa marca só neste ano, seis após sua fundação. 

 

“Nunca houve nada, seja rádio, televisão, jornais ou o Google, tão eficiente em atrair novos consumidores como nós”, afirma Mason, que virá ao Brasil no final de outubro, em entrevista exclusiva à DINHEIRO. “Somos a melhor forma de divulgação para pequenos negócios até hoje.”

 

O sucesso do Groupon – cujo nome é uma combinação das palavras “grupo” e “cupom” em inglês – está na esteira de uma série de fatores, muito semelhantes aos que fizeram o Google decolar. O gigante de buscas na internet, por exemplo, criou um modelo de negócios que consegue captar o que os usuários digitam na caixa de buscas com uma publicidade que casa com as intenções do internauta. 

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“Brasileiro compartilha as promoções”

Florian Otto > presidente do clube Urbano 

 

Assim, toda vez que a palavra “advogado” é digitada, um anúncio de escritórios de advocacia aparece entre os resultados pagos. Isso permitiu que milhões de pequenos negócios pudessem anunciar seus produtos e serviços. 

 

O Groupon, na área de comércio eletrônico, consegue que desde grandes corporações, que querem girar seus estoques, até pequenos empreendimentos com orçamentos de marketing limitados tenham um canal de venda. O sucesso desta ideia pode ser medido pelo número de clones que surgiram no mundo. Hoje, estima-se que existem mais de mil sites semelhantes ao Groupon no globo. No Brasil, já se aproximam de 40.

 

Apesar do pouco tempo de vida, o Groupon está presente em 30 países, inclusive no Brasil com o nome de Clube Urbano. Atualmente, tem 240 sites em diferentes cidades com 20 milhões de usuários cadastrados. “O Brasil já é hoje um dos nossos cinco principais mercados, mas caminha para em breve ser o segundo”, afirma Mason. Isso é fácil de ser comprovado. 

 

Os sites de compra coletiva saíram do zero em fevereiro para mais de 5 milhões de visitantes em setembro, segundo estimativas do Ibope Nielsen Online, que mede a audiência na internet brasileira. As lojas de varejo online, como Submarino, Walmart e Livraria Saraiva, recebem em média 24 milhões de internautas por mês.  Os sites de compras coletivas já representam cerca de 20% desta audiência em apenas seis meses. “O brasileiro é o que mais compartilha as promoções por meio das redes sociais no mundo”, conta o alemão Florian Otto, presidente do Clube Urbano.

 

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“Velocidade do crescimento surpreendeu”

Julio Vasconcellos > sócio do Peixe Urbano

 

No primeiro semestre, as vendas online no Brasil movimentaram mais de R$ 7,8 bilhões, crescimento de 41%. “É um novo modelo de e-commerce que veio para ficar”, afirma Gerson Rolim, diretor da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. 

 

O Peixe Urbano, criado em março, é considerada a maior operação deste tipo no mercado brasileiro, com mais de um milhão de usuários. “A velocidade com que as compras coletivas vêm crescendo no Brasil nos surpreendeu”, afirma Julio Vasconcellos, um dos fundadores do site. 

 

ClickOn e Imperdível são outros sites dos mais usados do gênero no País, que têm atraído até empresas estabelecidas na internet brasileira. O site de comparação de preços Buscapé, por exemplo, comprou o SaveMe, um agregador de ofertas deste tipo de sites no Brasil. “Esse é um mercado em franco crescimento e não poderíamos ficar de fora”, diz Romero Rodrigues, presidente do BuscaPé.

 

O Groupon nasceu de uma necessidade de Andrew Mason. Ele conta que queria conhecer lugares bacanas na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, onde morava. E, é claro, não gastar muito dinheiro. Era o ano de 2008 e a eclosão da crise financeira mundial desanimaria muitos empreendedores. Mas não o jovem Mason, então com 27 anos. Aquele momento conturbado se revelaria ideal para o Groupon começar. 

 

Ao oferecer promoções diárias com descontos que chegam a 90% em restaurantes, salões de beleza, hotéis, academias, shows, teatros, o site capturou com rara precisão os anseios e o estado de espírito de um consumidor mudado pela crise. “As pessoas se tornaram muito mais cautelosas e menos gastadoras”, disse à DINHEIRO Martin Lindstrom, autor dinamarquês de A Lógica do Consumo, escolhido pela revista Time, em 2009, uma das 100 pessoas mais influentes do planeta.

 

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A ideia deu tão certo que hoje há uma fila de espera de 40 mil empresas em todo o mundo querendo anunciar no Groupon. O interesse faz sentido, pois as promoções – que acontecem sempre por 24 horas e são apenas uma por dia por cidade – têm dado resultado. 

 

Apenas uma oferta feita no dia 19 de agosto deste ano para a cadeia de lojas de roupas Gap, em 85 cidades nos Estados Unidos, gerou uma receita estimada de US$ 5,5 milhões. O Groupon fica em média com 50% do total arrecadado por cada promoção. No Brasil, uma oferta de um restaurante japonês em Campinas, no interior de São Paulo, chamado ClickSushi, atraiu quase oito mil interessados, gerando uma receita estimada de R$ 70 mil para o Clube Urbano, que tem mais de 600 mil usuários cadastros no País. Essa é uma das vantagens do Groupon. 

 

Seu modelo de negócios é claro e eficiente, ao contrário de muitas companhias de internet que surgiram nos últimos anos, como o serviço de microblog Twitter e o site de vídeos YouTube, comprado por US$ 1,6 bilhão pelo Google.

 

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É por esse motivo que o seu modelo é amplamente copiado. Mason, no entanto, parece não se incomodar. “Continuar inovando é uma obsessão para nós”, afirma. Para ele, a demanda das empresas tem sido muito maior do que o Groupon pode suportar atualmente. Isso explica o grande número de concorrentes. 

 

Para resolver esse problema, o Groupon está testando um modelo de ofertas personalizadas, que vai permitir à empresa oferecer um número maior de promoções diferentes em um mesmo dia, em uma mesma cidade. 

 

Outro caminho está na divisão de grandes cidades, com diferentes ofertas para cada região. “Somos a empresa que finalmente abriu as portas do comércio eletrônico para milhares de pequenos negócios locais. E estamos apenas no começo”, afirma. É verdade. Você ainda vai ouvir falar bastante de Andrew Mason.