Um dos líderes da greve de caminhoneiros em 2018, Wallance Landim ‘Chorão’, presidente da Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores), diz que a categoria está unida por novas paralisações a partir de 1 de novembro. As entidades que representam os trabalhadores estão em estado de greve e deram 15 dias para negociar as reivindicações com o governo.

“O presidente Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes precisam escolher se governam para os acionistas ou para os caminhoneiros e para a classe média. Como está não tem como sobreviver”, afirma Landim. “A gente precisa de algo concreto, estamos cansados de promessa não cumprida, a gente não aceita mais”.

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Entre as demandas, que giram em torno do alto preço dos combustíveis, estão a discussão da mudança na cobrança de ICMS, em tramitação no Senado, cumprimento do frete rodoviário mínimo, política de preços da Petrobras e a aposentadoria especial, a qual os caminhoneiros que transportam cargas perigosas ou insalubres têm direito desde 1995, mas que não estariam sendo cumpridas, segundo Landim.

“Buscamos a união e a gente recebeu a deliberação da própria categoria. Desde 2018 é a primeira paralisação que a Abrava vai participar. A gente já mostrou em 2018 o que aconteceu”, disse ‘Chorão’.

Ele ainda critica a variação no preços dos combustíveis, mas diz que é ineficaz a proposta de alteração na cobrança do ICMS. Em contrapartida, defende uma proposta do deputado federal Fausto Pinato (PP-SP), o Projeto de Lei 3491/2021, que institui o Fundo de Estabilização dos Preços dos Combustíveis e do Gás de Cozinha – FEPCGC.

O estado de greve foi aprovado em um encontro nacional realizado no Rio de Janeiro no último 16. A CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística) confirmou que aderiu ao movimento, assim como a CNTRC (Conselho Nacional de Tranporte Rodoviário de Cargas).

“O Governo Bolsonaro teve o prazo de três anos para melhorar a vida do transportador autônomo e nada foi cumprido. Daremos mais 15 dias para que a nossa pauta, que é de conhecimento do ministro Tarcísio e do governo Bolsonaro, seja aplicada de fato para os caminhoneiros”, diz o diretor da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer, em nota. “Nosso chamado de paralisação tem o respaldo de 1 milhão de caminhoneiros”, reforça.

A CNTTL ainda pede aprovação do novo Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Cargas (PLC 75/2018), melhoria e criação de pontos de parada e descanso e “aperfeiçoamentos na proposta do voto em trânsito no Senado”.

As três entidades – CNTTL, Abrava e CNTRC – continuam a mobilização da categoria no 3º Encontro Nacional, que será realizado nesta quarta-feira (20), em Porto Alegre.