O negacionismo do governo Jair Bolsonaro diante da articulação mundial no combate às questões climáticas está abrindo espaço para que governadores estaduais assumam o protagonismo na construção de uma economia verde no Brasil. E, assim, ganhem uma projeção internacional jamais vista. Esse é o caso do governador do Pará, Helder Barbalho, que sediou o primeiro Fórum Mundial de Bioeconomia fora da Finlândia.

De segunda a quarta-feira desta semana, além de receber pessoalmente os maiores especialistas em biodiversidade do mundo, o político assinou — no palco do evento — o decreto que cria a Estratégia Estadual de Bioeconomia. E, como continuidade, prometeu, para os próximos 180 dias s, a construção do Plano Estadual de Bioeconomia.

Não bastasse o holofote já usado, agora o governador promete levar o documento à COP-26, a ser realizada de 1º de outubro a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia. Ele chega ao evento calçado com dados. Pesquisa conduzida pelo Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), The Nature Conservancy e Natura aponta, que as cadeias produtivas da sociobiodiversidade do Pará movimentaram em torno de R$ 5,4 bilhões em 2019. De acordo com comunicado do estado, esse número é quase três vezes maior que o valor registrado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no mesmo período.

Ao sediar um evento global e divulgar ferramentas de governança para a agenda verde, o Estado do Pará mostra que o Brasil ainda tem voz e ainda tem condições para assumir o protagonismo na implementação de uma economia de baixo carbono. Basta o dono temporário do Palácio do Planalto não atrapalhar.