A Faixa de Gaza está “em estado de alerta” nesta quarta-feira, depois de “atentados com bomba” nos quais pelo menos três policiais foram mortos, reforçando as tensões no enclave palestino controlado pelo Hamas.

“Os serviços de segurança em Gaza têm em mãos as primeiras informações sobre esse crime hediondo e seus autores e continuam suas investigações para estabelecer as circunstâncias exatas (…) desses atentados com bombas”, afirmou o ministério do Interior em Gaza, acrescentando que o território se encontra em “estado de alerta”.

As autoridades de Gaza já haviam informado durante a noite sobre “explosões”, mas nesta quarta-feira descreveram os atos como “atentados com bombas” e aumentaram o balanço de dois para três mortos, além de três feridos.

Testemunhas afirmaram à AFP que as explosões foram provocadas por atentados suicidas cometidos por homens a bordo de motocicletas, mas as fontes oficiais não confirmaram esta descrição dos ataques.

Uma fonte próxima à investigação indicou a suspeita de envolvimento de um grupo salafista de Gaza que simpatiza com o movimento extremista Estado Islâmico (EI).

Os atentados suicidas não são habituais no território palestino, mas um ataque deste tipo em agosto de 2017 provocou a morte de um segurança do Hamas no sul Gaza, perto da fronteira com o Egito.

Dois policiais foram mortos e outro ferido no bairro de Tal al-Hawa, na cidade de Gaza, segundo o ministério do Interior. No segundo ataque, um policial foi morto e duas pessoas ficaram feridas em uma estrada na zona costeira na mesma cidade.

Jornalistas da AFP constataram nesta quarta-feira uma presença reforçada de homens do Hamas nos principais eixos do enclave, localizado entre Israel, Egito e o Mediterrâneo.

“Os ataques pretendem minar a estabilidade de Gaza e servem apenas aos interesses de Israel”, reagiu o chefe do escritório político do Hamas, Ismael Haniyeh. “Pedindo à população que apoie nossos serviços de segurança, a fim de restaurar a ordem”.

Os três policiais mortos, considerados “mártires” pelo Hamas, são Salama Majid al-Nadim, de 32 anos, Wael Moussa Mohammed Khalifa, 45 anos, e Alaa Ziad al-Gharabli, 32 anos, informaram as autoridades de Gaza. Centenas de pessoas compareceram esta tarde para os funerais.

O movimento islamita Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007, mas é criticado por grupos salafistas radicais presentes no território palestino, que é objeto de um embargo rígido por parte de Israel há mais de 10 anos.

Os ataques da noite acontecem depois de uma série de disparos de foguetes seguidos por retaliações israelenses, assim como de confrontos na fronteira, que provocaram temores de uma escalada entre os movimentos armados em Gaza e Israel.

As autoridades israelenses acusam os islamistas do Hamas de serem responsáveis pela violência que fragiliza um acordo de trégua negociado pela ONU e pelo Egito. Este acordo prevê um alívio do bloqueio israelense em Gaza em troca do fim das operações militares a partir do enclave.

Depois de novas salvas de foguetes em direção a Israel este fim de semana, as autoridades israelenses reduziram pela metade o fornecimento de combustível para Gaza, que é essencial para abastecer a única central elétrica do território palestino.