O relógio ainda não marcava 6 horas da manhã quando Regina Helena Velloso levantou da cama e disse ao marido, o médico João Zeferino Velloso: ?Por que não montamos um hangar de helicópteros??. A seqüência mais evidente seria o marido mandá-la voltar a dormir. Mas, nesse caso, o desfecho foi outro. Quatro anos depois do episódio, eles não só construíram o hangar como ainda montaram uma das mais completas oficinas de manutenção de helicópteros do Brasil, o Helipark. Nessa época,
eles eram ainda aspirantes a piloto, estavam prestes a tirar o
brevê e perceberam que São Paulo precisava de novos pontos
de estacionamento e manutenção para as máquinas. Afinal,
pelos céus da capital paulista circulam mais de 50% da frota nacional, ou seja, cerca de 550 aparelhos ? fora aqueles que vêm diariamente à cidade vindos de outros pontos. Até o ano passado, o mercado crescia cerca de 15% ao ano, o que dá uma idéia do potencial retorno do investimento.

Velloso e Regina não revelam o valor total do empreendimento, construído com recursos próprios. Mas para se ter uma idéia, o rival Helicidade, helicentro também em São Paulo, com 18 mil metros quadrados e capacidade para 150 máquinas, custou cerca de R$ 15 milhões. No caso dos Velloso, como o terreno de 45 mil metros quadrados já era do casal, isso ajudou a reduzir parte dos custos. Erguido em Carapicuíba, na Grande São Paulo ? próximo ao Rodoanel metropolitano ? o Helipark está em funcionamento desde janeiro, mas a festa de inauguração ocorre no próximo dia 12 de dezembro.

Mãos à obra. Para cuidar de toda a infra-estrutura, Regina resolveu fechar o escritório de decoração que mantinha. Velloso, que é médico radiologista, tende a seguir o mesmo caminho, e já reduziu bastante a jornada no consultório. ?Os helicópteros eram um
hobby e se tornaram paixão. Quero agora ser o melhor na área?, afirma ele. Por isso, Velloso assumiu toda a parte comercial e de oficinas do Helipark. Regina ficou responsável pela administração e pelo marketing. ?Meu negócio é voar, não quero saber da parte chata da coisa?, diz Regina. Aliás, foi ela quem primeiro se interessou por aprender a pilotar. ?Nas aulas práticas aprendemos a cheirar a gasolina para saber se ela está na concentração certa. Parece
que o cheiro entrou no sangue, descobri aquilo que queria fazer
para o resto da vida?, afirma Regina.

A meta dos empreendedores é atuar em todos os segmentos possíveis do setor, da manutenção das máquinas aos cursos de capacitação de mecânicos. Em breve, também terá uma pousada para os pilotos descansarem. ?O Helipark tem metas bastante ambiciosas de qualidade?, diz Vicent Kieffer, diretor comercial da Helibrás ? fabricante responsável por quase 50% das máquinas que voam pelo País. ?Mas o retorno ainda é incerto?, diz Velloso. ?Apostamos no nosso feeling e não em um plano de negócios.?