Daniel Coquieri, sócio fundador da corretora BitcoinTrade, afirma que o mercado de criptomoedas vai se recuperar mais rapidamente do que as bolsas de valores, pelo fato de girar em torno de uma moeda descentralizada e também porque ela está próxima de um novo halving, mecanismo que há cada quatro anos reduz pela metade o seu volume de emissão.

A pandemia do novo coronavírus resultou na desvalorização de praticamente todos os ativos em circulação. As criptomoedas também sentiram o baque?
Sim, o mercado de criptomoedas começou o ano em alta. Entre janeiro e fevereiro, tinha valorização de 50%, mas caiu na mesma proporção, depois que o avanço do coronavírus foi considerado uma pandemia. No entanto, do início de abril para cá, a criptomoeda é o ativo que mais se recupera. Na semana entre 13 e 17 de abril, voltou a subir e atingiu alta de 10% em dólar. A tendência é que ela continuará a se recuperar numa velocidade maior do que a da bolsa de valores.

Por que ela terá uma recuperação maior, se a queda seguiu a tendência do mercado?
A queda seguiu o que ocorreu no mercado porque todo mundo correu para sacar investimentos. Mas a criptomoeda possui uma característica própria que a diferencia dos outros ativos. Ela é descentralizada, e não sofre controle governamental. Outra questão é que o mercado de criptomoedas tem muito menos liquidez do que as bolsas. Antes da crise, o setor movimentava cerca de US$ 250 bilhões, enquanto as bolsas movimentam valores na casa dos trilhões de dólares. Assim, uma movimentação de R$ 50 milhões tem impacto bem maior no mercado de bitcoins, para cima ou para baixo, do que teria no mercado de ações. Criptomoeda tem altíssima volatilidade, o que a fará subir mais com o retorno à normalidade.

Essas razões são suficientes para a valorização das criptomoedas ser mais rápida?
São parte de um todo, mas há outro ponto. Entre 10 e 12 de maio, o mercado de bitcoins passará por um processo conhecido como halving, que contribuirá para sua valorização em médio e longo prazos, pois vai reduzir a emissão de moedas.

Como funciona o halving?
O bitcoin é uma moeda virtual. Na realidade, um software com regras definidas. Uma de suas principais regras é que foi criado para emitir 21 milhões de moedas de bitcoin, mas não tudo de uma vez. Há um mecanismo deflacionário, que reduz pela metade a emissão de bitcoins a cada quatro anos. Hoje são emitidos 1,8 mil bitcoins por dia. Após o halving, agora em maio, passará a ser emitida a metade disso (900). Dessa forma, a oferta de moedas diminui, à medida em que a demanda por elas aumenta, resultando em valorização. Para efeito de curiosidade, o último bitcoin será emitido em 2140.

Então, as criptomoedas podem ter uma valorização quase que imediata?
Não. Essa valorização acontecerá ao longo dos meses. Mesmo assim, com mais velocidade do que os demais investimentos. Na realidade, ela já vinha acontecendo. O aumento de preço em 50% verificado no início do ano já acontecia por causa de investidores que estavam cientes do halving. Houve um aumento de procura por isso. O recuo foi consequência da pandemia de coronavírus, mas a demanda já começou a subir de novo.

Como tem sido o desempenho da corretora?
Começamos em outubro de 2017. Ao longo de 2018, movimentamos cerca de R$ 1,1 bilhão em criptomoedas. No ano passado, esse volume chegou a R$ 1,4 bilhão. Para este ano, projetamos R$ 1,8 bilhão. Atualmente, temos 300 mil clientes.

Plano para evitar evasão

Para evitar a evasão de estudantes de faculdades particulares sob o efeito da crise econômica causada pelo novo coronavírus, o Pravaler, fintech de soluções financeiras para educação, implementou uma nova modalidade de financiamento estudantil emergencial, chamado Pravaler 20. Instituições de ensino superior que aderirem ao modelo poderão oferecer a seus alunos a opção de pagar apenas 20% do valor das mensalidades de abril, maio e junho, sem incidência de juros em qualquer parcela do contrato. A escola recebe o valor total em uma parcela, pago pela fintech, que recebe a diferença do aluno em até 15 meses.

Banco Inter revisa expectativas

O banco Inter divulgou um novo relatório revisando suas projeções econômicas, afetadas pela pandemia de coronavírus. Segundo a equipe de estratégias e pesquisas econômicas da instituição, a inflação medida pelo IPCA deve ficar em 2,3%, em 2020, por causa da forte retração da demanda que tem impactado os preços de diversas commodities, principalmente do petróleo. Os especialistas também estimam que a baixa demanda e inflação menor contribuam para a queda da taxa Selic em 0,75 ponto já na próxima reunião do Copom. O PIB deve ter uma queda mais acentuada, de 2,8% este ano, ante a baixa de 1,7% prevista no relatório anterior.

Números da semana
R$ 119,2 bilhões

É o volume de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) distribuído, no ano passado, por 234 empresas de capital aberto, segundo relatório elaborado pela Economtica. O valor é 13% superior ao de 2018 e, nominalmente, o maior da história. Entre os anos de 2016 e 2019, o crescimento da distribuição de dividendos foi de 77,6%. O setor bancário registrou o maior volume de recursos distribuídos, no ano passado, atingindo R$ 60,4 bilhões. Ele é seguido pelo setor de petróleo e gás (R$ 15,1 bilhões) e de mineração (R$ 13 bilhões). O relatório foi divulgado duas semanas depois de o Conselho Monetário Nacional (CMN) comunicar que vedaria temporariamente a distribuição de dividendos e o aumento da remuneração de administradores das instituições financeiras, e das demais instituições autorizadas a operar pelo Banco Central (BC). Por meio de nota, o BC informou que as instituições financeiras possuem níveis confortáveis de capital e liquidez, masjulga importante adotar, de forma proativa, requisitos prudenciais complementares mais conservadores por causa da crise causada pela Covid-19.