Especialistas encarregados de aconselharem a União Europeia sobre questões de saúde subestimaram o risco de coronavírus durante uma reunião em 18 de fevereiro, pouco antes da pandemia irromper no continente, informou o jornal El País nesta terça-feira.

O jornal espanhol afirma ter acessado as atas de uma reunião do conselho consultivo do Centro Europeu para Controle e Prevenção de Doenças (ECDC), com sede na Suécia, onde os participantes julgaram que o risco do vírus para a população, era “baixo” e “baixo a moderado” para os sistemas de saúde.

A Europa havia detectado cerca de quarenta casos de coronavírus na época, a maioria importada por viajantes da Ásia. Mas três dias depois, um surto de infecção foi detectado na região da Lombardia, no norte da Itália, um país que agora ultrapassa 32.000 mortes por essa doença.

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Alguns países se destacaram por sua prudência durante essa reunião de dois dias. A Irlanda, com 1.547 mortes causadas pela pandemia, anunciou que “declarou uma emergência de saúde e estocou” equipamentos de proteção individual para o pessoal da saúde, ao contrário de outros países que reconheceram encontrar problemas no mercado internacional.

A falta desses materiais foi especialmente aguda nos países mais afetados pela doença, como a Espanha, que tem mais de 27.000 mortes e mais de 51.000 profissionais médicos infectados.

A Alemanha anunciou na reunião que “distribuiu protocolos de teste de PCR para mais de 20 hospitais” e “realizou mais de 1.000 testes”. O país germânico aplicou uma política sistemática de testes e até agora conseguiu conter o número de mortes da COVID-19 em 8.000.

“O vírus foi subestimado”, disse Daniel López Acuña, ex-diretor da Organização Mundial da Saúde, ao El País.