Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), aponta para a importância da ampla vacinação contra a covid-19 no País, mas pondera que ainda não é possível determinar diretrizes e grupos prioritários, pois ainda não há um imunizante aprovado.

“O importante é saber que a vacina não será aplicada nos brasileiros sem que a gente tenha certeza da sua eficácia. A ciência precisa de dados. Nenhuma vacina será licenciada de qualquer jeito. Pode ser mais rápido, mas não com negligência”, diz.

Juliana Hasse, presidente da Comissão de Direito Médico e de Saúde da OAB-SP, acrescenta que a imunização contra o coronavírus é a “chance de a gente poder voltar ao normal”. “A vacina é uma ação solidária, tem toda uma questão de direito que envolve o próximo”, diz. Segundo ela, a declaração do presidente Jair Bolsonaro foi “infeliz” e “reduziu a importância da vacina”.

Para Isabella Ballalai, a declaração de Bolsonaro se assemelha e pode “dar força” aos “antivacinistas”. A vice-presidente da SBIm diz que, apesar de acreditar nos brasileiros e na procura pela vacinação, “uma frase solta com destaque na comunicação oficial pode criar um retrocesso” para todas as doenças que necessitam de vacina.

O médico sanitarista Daniel Dourado afirma que a declaração do presidente é preocupante, pois “atrapalha” e “boicota” a atuação dos profissionais de saúde. “Ele está plantando a dúvida sobre algo que é seguro, eficaz, e é uma das tecnologias mais importantes.”. Segundo Dourado, a ação da Secom, de institucionalizar a fala do presidente com a publicação no Twitter, é “mistura entre público e privado”.

Procurada, a Secom não respondeu até 21 horas de ontem. O Ministério da Saúde não quis se pronunciar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.