A segunda onda do novo coronavírus assombra a Europa. A Inglaterra fechou bares e reativou três hospitais de campanha e a Itália tem novas medidas restritivas e horários rígidos para bares e restaurantes. Rússia e França batem recordes de mortes e casos, respectivamente. Mas como fica o Brasil? O país terá uma segunda onda?

Para Sylvia Lemos Hinrichsen, médica infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora titular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é imprevisível. Cada região tem características diferentes que acabam influenciando no índice de contaminação da doença.

+ Johnson interrompe estudo de vacina contra covid-19, informa Anvisa 
+ Novo caso de reinfecção por covid-19 relança dúvidas sobre imunidade

“É tudo muito variável. Cada lugar tem sua forma de propagação, algo contextualizado. Hoje existe o que chamamos de “Sindemia”, um conjunto de fatores que mudam. O Japão, por exemplo, tem fatores culturais que facilitam a prevenção. O uso da máscara é uma questão de respeito. Eles seguem protocolos”, explicou a especialista.

Quando o assunto é Brasil, houve recentemente a frustração de expectativas negativas com base de projeções com dados em outros países. “No Brasil era esperado que no feriado de 7 de setembro houvesse uma explosão [de casos]. Não aconteceu. Nem sempre as realidades [de outras regiõess] podem ser replicadas.”

“A Europa está preocupada porque virão outros vírus, como o H1N1, além do novo coronavírus que não parou de circular. O inverno deles está chegando. No verão, a Europa ficou cheia. Praias de vários países lotaram”, lembrou Sylvia.

Ainda de acordo com a infectologista, não há conclusões sobre as reinfecções e a imunidade coletiva, o que tem dificultado qualquer projeção mais profunda sobre a doença no País.

“Não é possível dizer que há reinfecção se não é feito uma tipagem, ou seja, uma genética dos vírus. Há pessoas que mantém os anticorpos positivos. Existem muitas dúvidas que precisam ser esclarecidas para que pudéssemos afirmar sobre a reinfecção”, explicou a especialista.

Sylvia destacou ainda que é necessária muita atenção para a “imunidade de rebanho”. “Ainda não temos respostas prontas. A atualização é diária e momentânea.”