O número de mortos pelo novo coronavírus superou neste domingo 33 mil em todo o mundo, mais da metade na Itália e Espanha, e os Estados Unidos somavam mais de 132 mil infectados, enquanto Moscou e a megalópole nigeriana de Lagos decretaram o confinamento da população.

Nas últimas 24 horas, 838 pessoas morreram na Espanha, onde o número total de mortos supera 6,5 mil, entre os mais de 78 mil infectados diagnosticados no país. Embora o balanço diário continue sendo desolador, desde a última quarta-feira o aumento do número de mortos desacelera, passando de 27% a mais em um dia para 14,7%.

O governo de Pedro Sánchez endureceu o confinamento imposto em 14 de março. Todas as atividades não essenciais no país serão interrompidas por duas semanas.

– Luz no fim do túnel? –

Assim como na Espanha, na Itália, país com maior número de mortos (10.779 e 97.689 infectados), a progressão também continuava desacelerando timidamente hoje, pelo terceiro dia consecutivo. “Infelizmente, registramos hoje 756 novas mortes”, anunciou o chefe da Defesa Civil, Angelo Borreli.

Autoridades italianas se aferram à redução do número de casos positivos e de novos internados para pensar que a curva está se achatando. Nas últimas 24 horas, houve 5.217 novos casos, uma desaceleração de 5,6%.

Neste domingo, o Papa se uniu à ONU e pediu uma trégua imediata em todos os conflitos do mundo para proteger os civis mais vulneráveis ante a pandemia. Já foram contabilizados mais de 697.000 casos de contágio em 183 países ou territórios. Calcula-se que mais de 3,3 bilhões de pessoas em todo o mundo estejam confinadas.

– Seis meses até a normalidade –

No Reino Unido, autoridades sanitárias previram até seis meses para a volta à normalidade. Com 1.228 mortos e quase 20 mil infectados, autoridades britânicas impuseram à população um confinamento de três semanas.

“Poderemos, esperemos, adaptar de forma progressiva algumas medidas de distanciamento social, e retornar à normalidade de forma progressiva”, assinalou a subchefe dos serviços sanitários britânicos, Jenny Harries.

Na França, com 2.606 mortos, os dias mais difíceis parecem estar por vir. Ante a falta de leitos de UTI, dezenas de pacientes graves foram removidos para outros setores do país ou para nações vizinhas, como Alemanha e Suíça.

Do outro lado do Atlântico, a pandemia avança a toda velocidade nos Estados Unidos, com mais de 2.351 mortos, o dobro de quatro dias atrás. O número de infectados é de 132 mil, o mais alto do mundo. O estado de Nova York é o mais afetado.

Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas e assessor do presidente Donald Trump, previu que mais de 100 mil pessoas poderão morrer nos Estados Unidos, e milhões poderiam ser infectadas.

– Bolsonaro desafia o isolamento –

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro contrariou as orientações do Ministério da Saúde e passeou hoje por Brasília, aproximando-se de apoiadores e reforçando seu chamado para romper a quarentena. Menos de 24 horas antes, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, havia ressaltado a importância do isolamento social na luta contra a pandemia.

“Evitar os deslocamentos desnecessários” e que a população fique em casa foi o que pediu, ao contrário, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, outro cético, mas que mudou de postura.

A América Latina registra quase 14 mil infectados e mais de 280 mortos, segundo um balanço da AFP com base em cifras oficiais.

Na China, berço da pandemia, a situação parece estar controlada, mas o país teme os casos importados. Em Wuhan, cidade onde tudo começou, os viajantes são submetidos a controles severos.

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