Fracassou nesta quinta-feira, na Espanha, a tentatativa de negociação entre governo, sindicatos e empresários para reformar o mercado de trabalho, o que obrigará o executivo de José Luis Rodríguez Zapatero a tomar outra medida impopular, depois do plano de austeridade, além de enfrentar uma possível greve geral.

A última rodada de negociações, que começou na tarde de quarta-feira, terminou ao amanhecer, depois de mais de 10 horas de negociação, sem acordo entre o governo socialista, os principais sindidatos, as Comissões Operárias (CCOO) e União Geral de Trabalhadores (UGT), e a associação de empresários CEOE.

“Há um problema de visão” sobre “para que servirá a reforma”, admitiu ao final da reunião o secretário-geral da UGT, Cándido Méndez.

O presidente da CEOE, Gerardo Díaz Ferrán, lamentou por sua vez, na rádio Onda Cero que os sindicatos “não queiram encarar a realidade” e não apoiem uma reforma pela qual estão “clamando” as instituições internacionais.

Afirmou que o governo, ao anunciar a reforma, “está à altura das circunstâncias de que necessita a economia do país e exigida pelos mercados”.

A reforma, pedida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), os empresários e numerosos economistas, pretende incrementar o emprego, num momento em que a Espanha tem uma taxa de desemprego de mais de 20% da população economicamente ativa, o dobro da zona do euro.

O objetivo da nova lei é também criar um novo contrato de trabalho fixo, para reduzir os temporários, mas com indenização por demissão mais barata que a atual.

Estuda-se, também, adotar a iniciativa alemã de redução da jornada de trabalho e do salário, dependendo das empresas; o governo defende, ainda, o modelo austríaco de criação de um fundo pelas empresas do qual sairão as indenizações, segundo os meios espanhóis.

O presidente do governo espanhol anunciou recentemente que se não houver um acordo com sindidatos e empresários, o executivo aprovará a reforma no dia 16 de junho, um dia antes da realização da última cúpula europeia sob a presidência espanhola, que expira no final do mês.

Esta medida se acrescenta ao plano de austeridade recentemente aprovado pelo governo, pressionado pela Eurozona e os mercados, para reduzir o déficit, de 11,2% do PIB em 2009, para os 3% fixados por Bruxelas, o que inclui corte de salários de funcionários em 5% em média.

Os sindicatos ameaçam com uma greve geral se a reforma trabalhista for decidida sem consenso.

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