A visita diplomática do rei da Espanha, Juan Carlos I, à presidenta Dilma na segunda-feira 4, teve como objetivo reafirmar a parceria entre os dois países. De resultado prático, o governo espanhol anunciou na terça-feira 5 a simplificação das regras para a entrada de turistas brasileiros no país europeu, que vinham sendo barrados por burocracias nos aeroportos. “Os brasileiros são muito bem-vindos”, disse o rei, depois do encontro com a presidenta. Mas a corte feita pelo monarca não se restringia apenas aos turistas. O Brasil aproveita a queda nos preços dos ativos para ampliar seus investimentos no mercado espanhol. 

 

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O monarca e a presidenta: o rei Juan Carlos aplaude a chegada de turistas e investimentos brasileiros.

 

Os números do primeiro quadrimestre mostram que dos US$ 3,8 bilhões investidos por empresas brasileiras no Exterior, 25,7% foram para a Espanha. “A taxa de retorno pode ser baixa agora, mas o mercado europeu é importante e as empresas estão olhando o longo prazo”, diz Welber Barral, especialista em comércio exterior. Na contramão desse processo,  o volume do capital espanhol no Brasil desabou de US$ 4,7 bilhões, no primeiro quadrimestre de 2011, para US$ 739  milhões neste ano. Mesmo assim, os súditos de Juan Carlos formam o segundo maior contingente de investidores no Brasil, com um estoque de US$ 85,3 bilhões. “Para a Espanha, somos um parceiro estratégico, um canal com a América Latina”, diz Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvimento da Confederação  Nacional da Indústria (CNI). 

 

A comitiva que acompanhou o rei Juan Carlos a Brasília não deixa dúvidas sobre o papel atribuído ao Brasil: 13 presidentes das principais empresas espanholas acompanharam a visita. Entre eles, pesos-pesados como Emilio Botín, presidente do banco Santander, Cesar Alierta, da Telefônica, e Antonio Brufau Niubó, da Repsol. Botín, aliás, teria aproveitado o encontro para fazer uma proposta ousada à presidenta Dilma. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o número 1 do Santander teria proposto que o Banco do Brasil compre até 10% da matriz do banco, que sofre os efeitos da crise espanhola. Fontes do BB garantem que o negócio não é de interesse para a instituição.

 

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