Com o aumento da pressão por parte de gestores de investimento para que as empresas adotem e divulguem ações alinhadas às boas práticas de ESG (ambiental, social e de governança), a quantidade de ações aleatórias e números espetaculares de investimentos anunciadas aos quatro ventos seria de deixar — caso sejam reais – qualquer ambientalista rindo à toa. Dentro de uma licença poética, é até possível inferir que se os anúncios feitos fossem de fatos realizados o planeta estaria vendendo saúde à Marte. Algumas pesquisas, porém, começam a mostrar um “Epa! tem algo errado aqui”. Um dos indícios mais recentes aparece no estudo State of the Global Workplace, divulgado pelo Gallup.

De acordo com o levantamento, o Brasil ocupa a última posição na América Latina em satisfação dos funcionários com responsabilidade ambiental nas empresas, 23%. Globalmente, 62% dos funcionários estão satisfeitos com os esforços das corporações em seu país para preservar o meio ambiente. É o maior número registrado desde 2009.

Em governança e nos aspectos sociais, no entanto, a insatisfação oscila muito. Em governança o aspecto crítico é a corrupção, com 69% dos entrevistados afirmando que acreditam que a prática está espalhada pelas corporações de seus países. Nos aspectos sociais, limitados ao ambiente de trabalho, chama atenção o fato de que o nível de engajamento dos funcionários caiu 2 pontos porcentuais em um ano, enquanto os níveis de preocupação, estresse, raiva e tristeza aumentaram.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1230 da Revista Dinheiro)