Consumidores de recursos hídricos das principais bacias hidrográficas do País, como as dos rios Doce, São Francisco e Mucuri, têm até o dia 31 de janeiro para declarar a quantidade de água extraída em 2020 à Agência Nacional das Águas (ANA).

A medida visa melhorar o entendimento das demandas e verificar o cumprimento dos limites de uso, estabelecidos de acordo com o volume atual de rios e reservatórios. Esse controle garante o acesso ordenado e sustentável dos recursos, de acordo com a agência. A preocupação é legítima.

Atualmente, mais de 2 bilhões de pessoas no mundo vivem em áreas com escassez de água. No Brasil, 31% da população vive em tal situação, sendo que mais de 54 milhões de cidadãos estão em regiões onde a escassez é absoluta, de acordo com a ONG World Data Lab. Para o futuro, a situação tende a piorar na medida em que a temperatura do planeta aumenta.

Com a mudança climática, a qualidade e quantidade de água devem ser reduzidas, o que representará riscos para produção de energia, segurança alimentar, saúde humana, desenvolvimento econômico e redução da pobreza. Uma das principais iniciativas para tentar reverter o quadro é o Acordo de Paris, no qual os principais líderes mundiais se comprometeram com ações para manter o aumento da temperatura abaixo dos 2oC.

Sem concordar com a meta, o Brasil foi banido da última reunião do grupo que marcou os cinco anos do projeto, em 12 de dezembro de 2020. Mas não é só o governo que tem culpa. De acordo com o Instituto Trata Brasil, a cada 100 litros de água captada da natureza e tratada no País, quase 40 litros se perdem em desperdícios, vazamentos, fraudes e “gatos” nas redes.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1205 da Revista Dinheiro)