Os alemães votam neste domingo (14) em duas eleições regionais, nas quais os conservadores da chanceler Angela Merkel, envolvidos em um escândalo financeiro, poderiam sofrer uma dura derrota, a seis meses das legislativas nacionais.

Os colégios eleitorais fecham às 18h00 locais (14h00 de Brasília) e imediatamente serão anunciadas as primeiras estimativas.

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A União Cristã Democrata (CDU) aparece como perdedora nas duas regiões do sudoeste, Baden-Wurtemberg e Renânia Palatinado, onde cerca de 11 milhões de eleitores devem renovar os respectivos parlamentos regionais.

As revelações em cascata sobre o chamado “caso das máscaras” e as críticas crescentes à gestão da crise de saúde anunciam “sombrias perspectivas” eleitorais para os conservadores, opinou neste domingo o jornal popular Bild.

As operações de votação começaram em meio a estritas precauções sanitárias que impõem a obrigação da máscara, constatou um jornalista da AFP em Stuttgart.

O CDU atravessa “sua crise mais grave” desde o escândalo das caixas pretas da queda do Helmut Kohl no final dos anos 90, estimam muitos cientistas políticos.

– Verdes vencedores –

Em Baden-Wurtemberg, feudo conservador até 2011, as pesquisas colocam o CDU entre 23% e 25% dos votos, o que seria o pior resultado de sua história.

Os Verdes, que governam há uma década esta próspera região, coração da indústria automobilística, aparecem como os vencedores com ampla vantagem.

Sua vitória ofereceria um terceiro mandato a Winfried Kretschmann, de 72 anos, o único ambientalista que dirige uma região alemã. A coalizão com o CDU, que dirige há cinco anos, costuma ser considerada o laboratório de uma possível aliança nacional entre esses dois partidos nas eleições de 26 de setembro.

Na região Renania-Palatinado, vizinha da França, Bélgica e Luxemburgo, as coisas não parecem melhores para o partido da chanceler.

Depois de acalentar a ideia de acabar com três décadas de dominação social-democrata, o CDU está lado a lado com o SPD e a atual líder da região, Malu Dreyer, poderia renovar seu mandato.

A extrema direita do Alternativa para Alemanha (AfD), que caiu em nível nacional, também deve perder votos nas duas regiões.

Devido às limitações sanitárias pelo coronavírus, o voto por correio aumentou consideravelmente este ano.

– Fartos das restrições –

Merkel, que esperava deixar o poder no auge de sua popularidade, vê seus planos contrariados pelas dificuldades do CDU e de seu aliado bávaro CSU.

Dois deputados, Georg Nüsslein (CSU) e Nikolas Löbel (CDU), abandonaram nos últimos dias seus partidos respectivos por suspeitas de terem enriquecido graças à epidemia, ao agirem como intermediários com fabricantes na compra de máscaras.

Em uma polêmica diferente, o conservador Mark Hauptmann renunciou na quinta-feira ao seu mandato depois de ser acusado de colocar publicidade do Azerbaijão no jornal regional que dirige.

No passado, parlamentares do CDU foram acusados de receber dinheiro deste país rico en hidrocarbonetos. Um deles perdiu recentemente a imunidade parlamentar.

Em uma tentativa de apagar o incêndio, CDU e CSU deram o prazo até sexta-feira à noite aos seus parlamentares para declararem eventuais lucros com a epidemia.

A polêmica chega no pior momento para os conservadores, que devem designar em breve seu candidato para a chanceleria.

Armin Laschet, novo líder do CDU, aspira para suceder Merkel, embora o presidente de Baviera, Markus Söder, possa ter a mesma ambição.

O caso das máscaras aumentou ainda mais o cansaço de milhões de alemães com as restrições e que duvidam da estratégia do governo.