Após dias de trabalho em águas geladas, cercados pelos gritos de dor das baleias encalhadas na costa sul da Austrália, as equipes de resgate agora enfrentam a difícil tarefa de cuidar das carcaças gigantescas dos cetáceos que não sobreviveram.

Em um “esforço sobre-humano”, 100 socorristas e voluntários conseguiram salvar a 94 das 470 baleias encalhadas em uma baía da Tasmânia, Macquarie Harbour, o maior fenômeno do tipo já registrado na Austrália, de acordo com o diretor do departamento marinho de meio ambiente da Tasmânia, o biólogo Kris Carlyon.

“Estamos assistindo a algo único, nunca tivemos um encalhe deste tipo antes”, declarou Carlyon.

Os trabalhos para salvar as baleias começaram há cinco dias, quando os cetáceos encalharam em dois bancos de areia de uma baía na costa oeste da ilha da Tasmânia.

Os motivos que provocam o encalhe em massa dos cetáceos são desconhecidos. Os cientistas estudam o fenômeno há várias décadas.

Alguns cientistas sugerem que os cetáceos podem ter feito um desvio de rota, atraídos por comida perto da costa, ou podem ter seguido uma ou duas baleias que se perderam.

Nesta sexta-feira, as autoridades ambientais da Tasmânia reduziram o balanço provável de cetáceos mortos, de 380 a 350, pois as equipes de resgate esperam conseguir salvar mais 20 animais.

Agora, outro problema é o que fazer com os cadáveres dos mamíferos mortos, alguns em decomposição, e que podem representar um perigo para o meio ambiente da região.

Jogar as carcaças no mar é a principal opção, mas isto representaria um perigo para a navegação, poderia contaminar a baía e atrair tubarões e outros predadores.

A decomposição de tantos animais poderia afetar os níveis de oxigênio em partes da baía e perturbar a vida marinha no local, de acordo com especialistas.

“Há momentos difíceis, com a sensação de que isto nunca acaba”, declarou à AFP o voluntário Josh Gourlay.

As baleias-piloto, que podem medir até seis metros de comprimento e pesar uma tonelada, são muito sociáveis.

Algumas resistiram aos dispositivos utilizados para salvá-las e tentaram retornar a suas famílias depois que foram liberadas, o que provocou o segundo encalhe.

O nível de angústia de algumas baleias-piloto era tamanho que as autoridades advertiram que consideravam sacrificar algumas para reduzir o sofrimento.