Dr. Compensação: Mike Moore esteve à frente dos processos contra a indústria do tabaco, nos anos 1990, e agora vai atrás das fabricantes de opióides (Crédito:Bryan Tarnowski)

Desde o final da década de 1990, mais de 300 mil americanos morreram em decorrência de overdoses de analgésicos do tipo opióides, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. Esses medicamentos, indicados para dores fortes, são baseados em substâncias sintéticas que simulam os efeitos dos opiáceos, drogas obtidas a partir do ópio, uma das substâncias mais viciantes que existem e origem, também, da morfina e da heroína. A questão já está sendo tratada como uma epidemia nos EUA, inclusive com a formação de um grupo de trabalho especial coordenado pela Casa Branca.

O problema, no entanto, está extrapolando as fronteiras da saúde pública e entrando nas esferas corporativas. Isso porque a indústria farmacêutica, ou ao menos as empresas relacionadas à produção do medicamento, está sendo acusada de causar essa epidemia ao deixar de fornecer, a médicos e pacientes, informações importantes relacionadas à dependência química dos seus produtos. Nos últimos dois meses, cinco Estados entraram com processos contra farmacêuticas: Mississipi, Oklahoma, Ohio, Missouri e Carolina do Sul.

Ao menos uma dúzia de cidades fez o mesmo, alegando que as companhias, além de negligenciarem a capacidade viciante dos opióides, superestimaram seus benefícios. A onda já está sendo comparada aos processos movidos contra a indústria do tabaco nos anos 1990, que resultaram no maior acordo judicial da história dos EUA, com um valor superior a US$ 260 bilhões. Não é para menos. À frente desse movimento está o advogado Mike Moore, ex-procurador geral de Mississipi, que encabeçou os processos contra as fabricantes de cigarro.

(Nota publicada na Edição 1032 da revista Dinheiro)