Quando Augusta nasceu, em 1988, ganhou uma irmã, mais tarde batizada de Touché Bebê. O que hoje é uma marca consagrada de roupas, acessórios e móveis para crianças, à época se resumia ao esforço de uma mãe, também Augusta, em criar peças especiais e únicas para a filha recém-nascida. O bom gosto fez sucesso e Augusta mãe passou a produzir roupas para familiares e amigos, vestindo os próximos com o seu trabalho manual e dedicação. Era um hobby, mas ganhando forma e escala com o passar do tempo. Para atender a demanda crescente, Augusta montou uma fábrica para a produção de lençóis e toalhas. Mesmo com o negócio já estruturado, ela ainda atendia os clientes em sua casa, mantendo o perfil de uma confecção restrita a amigos e amigos de amigos.

Enquanto a grife ganhava corpo, crescia também aquela Augusta que em 1988 era um bebê. De lá para cá, ela estudou direito e economia, construindo uma carreira apartada dos negócios da mãe. Até que as histórias se cruzaram. A partir de uma conversa com uma amiga, ela passou a olhar de forma mais atenta para a atividade da mãe e viu ali um potencial inexplorado. A partir de 2014 as Augustas, mãe e filha, se juntaram oficialmente com a criação do perfil da Touché Bebê nas redes sociais. Passaram então a trabalhar para expandir a marca sem perder a essência do cuidado e personalização que deu origem à história.

DUAS AUGUSTAS A fundadora e a atual CEO da Touché Bebê têm o mesmo nome a mesma paixão pelo que fazem. No alto, a loja dos Jardins, inagurada em 2021.

Com novo escritório e site, aumentaram a presença on-line da marca e adicionaram mais agilidade ao negócio. Com a chegada da pandemia, os investimentos mostraram ter feito ainda mais sentido e mantiveram a Touché Bebê no caminho de crescimento. “Foi um momento muito frutífero para a gente”, afirmou Augusta Mahfuz, a filha, que hoje é CEO da empresa. Sentindo que era hora de dar um passo adiante, a dupla tirou do papel um antigo projeto: abrir uma loja maior e mais estruturada. Como a mesma crise sanitária que impulsionou as vendas digitais também penalizou boa parte do comércio tradicional, muitos imóveis ficaram vagos, trazendo a oportunidade com a qual mãe e filha já sonhavam havia tempos. No ano passado, elas inauguraram um novo espaço nos Jardins, bairro nobre de São Paulo.

INFANTILÓIDE Com o mesmo foco em clientes de alto poder aquisitivo, a marca hoje vende enxovais que ultrapassam os R$ 50 mil. Suas coleções exclusivas atendem crianças de 0 a 4 anos. Além das roupas, oferece opções para o quarto, brinquedo e decoração. Mais sofisticados, os produtos não se limitam ao padrão de rosa e azul. “Não somos uma marca de bebê infantilóide”, disse a CEO. Os resultados, até agora, acompanham o crescimento do mercado de vestuário. Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit) apontam que em 2021 o setor faturou mais de R$ 194 bilhões, 20% acima do registrado em 2019, período anteior à pandemia.

Além dos enxovais, a marca desenvolve objetos de decoração que podem acompanhar o desenvolvimento da criança. Entre os produtos, destaque para os quadros de edição limitada e numerados do artista plástico Nazareno. A Touché Bebê oferece ainda uma espécie de consultoria informal para novas e futuras mamães sentirem-se acolhidas. “As grávidas vêm muito cruas. Às vezes não sabem como vestir o neném. A gente pega no colo.”