Os especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) se reuniram com autoridades chinesas nesta sexta-feira (29), antes de sua primeira visita a Wuhan em busca de indícios da origem do coronavírus em um mercado, que seria o “marco zero” da pandemia.

O trabalho de campo deve começar no período da tarde, após inúmeros obstáculos e temores quanto ao acesso e à qualidade das evidências que ainda restam mais de um ano depois da aparição dos primeiros casos.

A equipe planeja visitar hospitais, reunir-se com cientistas, socorristas e alguns dos primeiros pacientes infectados por um coronavírus então desconhecido e que já ceifou a vida de mais de dois milhões de pessoas no mundo e mergulhou a economia mundial em recessão.

As “visitas de campo incluirão o Instituto de Virologia de Wuhan, o mercado de Huanan, o laboratório CDC de Wuhan”, informou a OMS em um tuíte na quinta-feira. Estes são três lugares indelevelmente ligados ao vírus.

Acredita-se que foi no mercado de Huanan, que permanece fechado, que o primeiro surto começou.

O Instituto de Virologia de Wuhan possui, por sua vez, instalações, onde são manipulados vírus. Isso foi apontado pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que até o final de sua Presidência manteve a teoria não comprovada de que o vírus havia escapado de lá.

O itinerário exato da missão é desconhecido. Os tuítes da OMS e de seus especialistas são as principais fontes de informação.

A missão foi afetada por atrasos, já que a China negou acesso à equipe até meados de janeiro, enquanto Washington exigia uma investigação “robusta e clara”.

Na quinta-feira (28), a China alertou os Estados Unidos contra qualquer “interferência política” durante a missão. A OMS insiste em que o trabalho se limitará a compreender cientificamente como o vírus passou de animais para humanos.

Pequim quer afastar as suspeitas que pairam sobre o país e concentrar a atenção em sua gestão e recuperação econômica.

Em um tuíte na quinta-feira, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que teve uma “conversa franca” com o ministro chinês da Saúde, Ma Xiaowei.

“Pedi a ele que os cientistas internacionais tenham o apoio, o acesso e as informações de que precisam e a capacidade de se envolver totalmente com seus colegas chineses”, afirmou.

Ontem, os especialistas concluíram duas semanas de quarentena sob a expectativa da imprensa mundial.

De acordo com dados da Comissão Nacional de Saúde da China, 4.636 pessoas morreram em decorrência da covid-19 no país.

O Produto Interno Bruto (PIB) do gigante asiático cresceu 2,3% em 2020, única grande economia com resultados positivos.

Em comparação, mais de 400.000 americanos morreram de coronavírus, e sua economia se contraiu 3,5% em 2020, o pior declínio dos Estados Unidos desde 1946. Em seguida, vêm Brasil, com cerca de 220.000 mortos, e Reino Unido, com 100.000 óbitos.

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