Fundada em 2005, a brasileira Jadlog tem uma boa estrada no segmento de encomendas expressas. Dona de uma receita de R$ 406 milhões em 2016, a empresa é uma das únicas que fazem frente a gigantes como a alemã DHL e a americana FedEx no território nacional. Além de 15 unidades próprias e 508 franquias, outros caminhos percorridos explicam esse status. Todos os dias, a frota de dois mil caminhões e utilitários da companhia cruza o Brasil para transportar, em média, 50 mil encomendas. É com essa bagagem que a Jadlog espera alcançar seu destino mais ambicioso: um faturamento de R$ 1 bilhão em 2020.

A empresa não está sozinha nessa jornada. Em janeiro, a francesa GeoPost comprou 60% da operação, por um valor não revelado. Com uma receita de € 6,2 bilhões em 2016, a companhia é controlada pela La Poste, estatal de serviços postais da França. “Sabemos que a Europa não vai alimentar o nosso crescimento no futuro”, diz Olivier Establet, CEO da ChronoPost, subsidiária da GeoPost em Portugal. Para o executivo, que desde janeiro também preside o conselho da Jadlog, é inevitável que a expansão internacional passe pelo Brasil. “O País é uma das principais economias mundiais e já está entre os dez maiores mercados do e-commerce.”

Responsável por um terço da receita da Jadlog, o comércio eletrônico é o principal atalho para o salto bilionário. “Essa é uma das áreas mais promissoras em logística”, diz César Meireles, diretor da Associação Brasileira de Operadores Logísticos. “Depois do clique que define a compra, toda a responsabilidade é do operador logístico.” Nesse cenário, Establet entende que há espaço para aprimorar a experiência dos consumidores. O plano é introduzir no País algumas ofertas do portfólio internacional da GeoPost. Um dos serviços em avaliação é o Predict. Entre outros recursos, ele permite que o cliente escolha não só o local, como também o horário de entrega dos produtos, sempre com uma margem de, no máximo, 30 minutos.

DIN1015-Jadlog2O cardápio inclui ainda ofertas como o Pick Up. Nesse modelo, a GeoPost faz parcerias com lojas de conveniência e outros pontos de venda, que funcionam tanto para a retirada de itens comprados pela internet como para a coleta de produtos devolvidos pelos clientes. Na Europa, são mais de 28 mil parceiros. Outra opção é um aplicativo criado pela startup francesa Stuart, comprada em março pelo grupo. Nos moldes do Uber, o app identifica os motoboys cadastrados mais próximos para concluir a última etapa da entrega, um dos grandes desafios do e-commerce. A Jadlog também quer aproveitar sua capilaridade para explorar as brechas abertas pela crise dos Correios.

Em janeiro, a estatal anunciou o fim do e-Sedex, serviço de entregas do e-commerce. “Já estamos percebendo a migração de parte desses clientes para a nossa carteira”, diz Ronan Hudson, sócio e diretor comercial da Jadlog. Há outros projetos em implantação. O principal é a automação do centro de distribuição de São Paulo, instalado em uma área de 25 mil metros quadrados. A conexão da malha logística da companhia com a rede internacional da GeoPost é outra ponta. “Não vão faltar investimentos para bancar a expansão”, diz Establet, que prevê um crescimento de 25% para 2017. “Esse será o salto mais tímido desse próximo ciclo da companhia.”