A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) e entidades representativas do varejo enviaram cartas ao ministério da Economia e ao Banco Central cobrando medidas mais urgentes no combate aos estragos que o coronavírus está causando nos setor e atacando o aumento de quase 70% nas taxas impostas pelos bancos.

Nas duas cartas, as entidades propõem caminhos diferentes para que os empregos e as empresas não acabem engolidas pelo coronavírus.

+ Empresas de médio porte recorrem ao governo para manter salários em dia
+ FMI: empréstimos subsidiados a empresas devem ter como condição preservar emprego
+ Maia reitera críticas ao governo Bolsonaro e cobra rapidez em medidas

Ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, o tom é um pouco mais firme, cobrando que as medidas adotadas para injetar liquidez no sistema financeiro sejam acompanhadas pelos bancos. As entidades reclamam das taxas superiores a 70% em operações como capital de giro, conta garantida, antecipações de recebíveis, entre outras modalidades.

Elas pedem a criação de linhas de crédito para o varejo e para o setor de franquias, que possam ser pagas em 60 meses, com carência de 24 meses para o início dos pagamentos e juros reduzidos, além da adoção de mais linhas de crédito após o fim da crise do coronavírus. Com isso, a retomada das atividades será mais rápida.

Além disso, sugerem que seja utilizada a estrutura de adquirentes de cartão de crédito, como a Cielo, PagSeguro e Stone, para realizarem taxas mais baixas do que as praticadas atualmente e isso ajude a garantia de crédito aos pequenos e médios empresários. A proposta sugere que o Tesouro e/ou o BNDES deveriam arcar com 100% dos riscos das operações de crédito, “como forma de acelerar e desburocratizar o acesso ao crédito”, além de antecipar e flexibilizar o período de recebimento dos recebíveis, “dando fôlego ao negócio”.

A carta ao presidente do Banco Central pode ser acessada aqui.

Ao ministro Paulo Guedes foram sugeridas nove medidas, que passam pela suspensão de recolhimento do PIS e COFINS por pelo menos 180 dias, com pagamento a ser feito durante o ano de 2021 e sem multa ou juros; isenção de todos os impostos incidentes sobre a folha salarial; refinanciamento de impostos federais; suporte de crédito via BNDES e Caixa Econômica Federal; atuação do Banco Central contra o aumento das taxas de juros e o que eles consideram como pedidos “desproporcionais” de garantias para acesso ao crédito.

A carta a Paulo Guedes pode ser acessada na íntegra aqui.

A Abrasce já indicou que trabalhava com uma expectativa de crescimento do setor de shoppings na casa dos 7%, mas deve reduzir essa estimativa pela metade, o que pode configurar o pior resultado em 20 anos, superando o desempenho de 2016, com 4,3%.

Ao jornal Valor Econômico, o presidente da Abrasce, Glauco Humai, disse que para o desconto de recebíveis, o percentual de retorno cobrado de grandes redes passou de 110% a 120% do CDI para até 200% entre o fim de fevereiro e o fim de março.

Além da Abrasce, que congrega 577 shoppings e 105 mil lojistas, assinaram a carta o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), encabeçado por redes como Magazine Luiza, Centauro, Renner e Riachuelo; Associação Brasileira de Franchising (ABF); Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e a Confederação das Associações Comercial e Empresariais do Brasil (CACB).