A pandemia causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) já tirou a vida de mais 605 mil brasileiros e ainda infecta cerca de 16 mil e mata, em média, 450 diariamente. Mesmo assim, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, avalia flexibilizar o uso de máscaras de forma gradual.

“A máscara tem que ser a última medida a ser flexibilizada. Enquanto registrarmos no País 15 mil casos e 300 mortes diárias, ainda são taxas elevadas. Tirar a máscara não traz nenhum grande benefício à população, que já está acostumada. É um esforço pequeno para um risco ainda grande”, afirma Renato Kfouri, infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBI).

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O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), disse nesta quinta-feira (21) que o uso de máscaras em locais fechados será facultativo quando a cidade registrar 75% de toda sua população completamente imunizada (2 doses ou dose única da Janssen). O político diz que a flexibilização das máscaras deve começar em novembro.

Em Duque de Caxias, o prefeito Washington Reis (MDB-RJ) suspendeu o uso obrigatório da proteção em todos os lugares, a primeira cidade brasileira a abolir o uso obrigatório de máscaras. No entanto, a decisão durou por apenas dois dias até que uma decisão judicial, a pedido do Ministério Público, suspendeu a flexibilização.

“O uso de máscaras em toda a pandemia demonstrou-se uma das medidas mais eficazes no controle da doença, já que boa parte da transmissão dos casos acontece por pessoas não sintomáticas, ou porque estão no período pré-sintomático, ou porqrue nunca irão desenvolver sintomas”, explica Kfouri.

Alguns países com a vacinação mais avançada também começaram a flexibilizar o uso de máscaras. Israel, que dispensou o uso com 58% da população vacinada, em junho, precisou retomar a obrigatoriedade. O mesmo ocorreu nos Estados Unidos. Em Portugal, a flexibilização ocorreu com mais de 80% da população totalmente imunizada.

Já o Brasil registrou 73,8% da população vacinada com a primeira dose nesta quinta-feira (21) e 51,2% de totalmente imunizados.

“A barreira física protege. Todos podem ser considerados potencialmente infectados, mesmo os vacinados, já que as vacinas são excelentes para prevenir as doenças e formas graves, mas não tão boas para prevenir infecção e transmissão. O melhor parâmetro para flexibilizar o uso de máscara são as taxas de transmissão. Quando tem muito vírus circulando, liberar (a população) do uso da máscara é muito arriscado”, enfatiza Kfouri.