Esta terça-feira (17) pode ser considerada o “Dia D” para a candidatura de João Doria à presidência da República pelo PSDB. O ex-governador de São Paulo e 4° colocado nas pesquisas de opinião para o Palácio do Planalto foi eleito o representante dos tucanos nas prévias do partido, no entanto, uma ala considerável da sigla não quer apoiá-lo e agora luta pela desistência de uma candidatura cabeça de chapa nas eleições.

Se isso acontecer, 2022 será o primeiro ano, desde 1989, em que uma eleição não contará com um candidato do PSDB. A reunião da Executiva Nacional está marcada para as 16h e vai contar com outro fato inusitado entre as peças da disputa travada internamente: desafetos, Doria e o deputado federal Aécio Neves, candidato derrotado por Dilma Rousseff em 2014, vão brigar juntos pela manutenção da candidatura tucana.

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A ala contrária à eleição de Doria, liderada por Bruno Araújo, presidente do partido, pede que a sigla apoie a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Agora, o trabalho de convencimento é de que os 34 membros da Executiva derrubem a tese de Araújo e mantenham a decisão referendada nas prévias do partido, realizadas ano passado.

Defesa de Doria diz que Executiva não pode derrubar candidatura

A equipe jurídica de Doria, liderada pelo advogado eleitoral Arthur Rollo, argumenta que qualquer decisão da Executiva que desrespeite as prévias, será nula. A defesa aponta que não houve direito de defesa do ex-governador e que um alinhamento da Executiva com Bruno Araújo só ampliará a cisão partidária, inclusive com a possibilidade do pedido de uma intervenção através do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Além disso, a defesa diz que o estatuto do PSDB é taxativo ao dizer que a Executiva não tem poderes para escolher candidatos aos cargos de presidente e vice-presidente da República, quando houver uma eleição prévia.

Segundo o Estadão, Aécio costura uma saída com Doria para manter a projeção do partido nas eleições, porém trabalha por isso sem declarar apoio ao ex-governador paulista. Sua saída é apoiar nomes como Eduardo Leite (ex-governador do Rio Grande do Sul, derrotado nas prévias) ou o senador Tasso Jereissati.

A ideia de Aécio é derrubar Doria na convenção do partido, que é, de fato, o poder capaz de escolher um candidato. Até lá, acredita ele, Doria desmanchará nas pesquisas, o que pode abrir caminho para um segundo nome de consenso entre o ninho tucano.