O indicador mais importante para se medir a temperatura da economia real é o emprego. Por dois motivos. Um deles é que essa variável é a de oscilação mais lenta. Quando o ritmo de atividade desacelera, as empresas esperam um pouco para dispensar trabalhadores. Não é bondade, é cautela. Recrutar, contratar e treinar são processos caros e demorados. Por isso fica mais barato para a empresa pagar mais alguns salários do que encontrar um substituto para o trabalhador dispensado.

O segundo motivo é que o aumento dos empregos é o mais eficiente programa de estímulo econômico que existe. Salário na conta do trabalhador é dinheiro imediato nas veias do consumo. Por isso, o crescimento dos empregos é visto com um sinal indiscutível de aquecimento da economia. Em momentos de expansão, o emprego indica que a temperatura pode estar superando os níveis saudáveis, e é hora de o Banco Central começar a apertar os parafusos para desacelerar os movimentos. Em momentos de retração, é um sinal de que o pior já passou e que as políticas de recuperação econômica estão dando certo.

No fim da semana passada foram divulgados os três indicadores de emprego mais importantes da economia americana. Na sexta-feira (4), o Bureau of Labor Statistics (BLS) americano informou que foram criadas 559 mil vagas não-agrícolas em maio, o chamado “non-farm payroll”. Foi um resultado melhor do que as 266 mil vagas abertas em abril, mas inferior às projeções, que eram da criação de 664 mil vagas.

Na quinta-feira (3), quando os mercados não funcionaram no Brasil devido ao feriado de Corpus Christi, o Department of Labor anunciou que o número de pedidos iniciais de seguro-desemprego referentes à semana encerrada em 29 de maio caiu para 385 mil, queda de 20 mil em relação ao dado revisado da semana anterior. E o relatório mensal da empresa ADP, encarregada do processamento da maioria das folhas de pagamento dos Estados Unidos indicou a criação de 978 mil empregos em maio ante a abertura de 654 mil vagas desde abril, o maior nível desde junho de 2020.

Ou seja, há tanto indicadores que mostram um aumento do emprego quanto os que provam uma desaceleração da economia.

A ausência de uma tendência definida vai provocar bastante especulação sobre qual será o comportamento dos juros globais, que seguirão o movimento do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Até a divulgação dos indicadores do mercado de trabalho, havia argumentos fortes tanto para acreditar quanto para duvidar de uma alta consistente dos preços nos Estados Unidos. Os indicadores de emprego e desemprego falharam em lançar luz sobre a atividade econômica. Por isso, será uma semana para os investidores ficarem atentos, pois a sinalização do Fed será decisiva para os preços dos ativos financeiros.