Em meio ao conflito que se desenrola na Ucrânia, dominada pelas tropas militares da Rússia, a Finlândia, país que faz fronteira com os russos (são 1.300 km de divisa), formalizou neste domingo (15) interesse em compor a lista de nações que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A Suécia, vizinha ao país nórdico, também vai seguir os finlandeses.

O desejo de integrar a Otan foi um dos motivos que fizeram a Rússia invadir a Ucrânia, isso porque Estados Unidos e os russos tinham um acordo do período da Guerra Fria sobre a neutralidade militar em países do leste europeu. A ideia era de que os Estados Unidos se manteriam longe do solo russo – e nações próximas – como uma forma de evitar conflitos militares.

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A Otan, uma aliança militar ocidental criada em 1949, tem os norte-americanos como principal liderança, e conta com bases militares em países que integram essa organização. É o caso da França, Reino Unido e Canadá, para citar as grandes economias que compõem a organização.

A expansão da Otan na Europa é vista pelos russos como uma forma de os Estados Unidos ampliarem sua influência sobre solos historicamente guiados pela poder financeiro do Kremlin. No início da disputa contra a Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi cirúrgico ao dizer que tanto a Ucrânia, quanto os países que fazem fronteira com o extenso solo russo, sofreriam punições caso atendessem aos desejos de expansão do poder da Otan.

Além da Finlândia, a Suécia também demonstrou interesse em participar da Aliança. No caso do país vizinho aos finlandeses, será necessária uma mudança de política que abra caminho para uma formalização do pedido de adesão, algo que deve acontecer nos próximos dias.

A Rússia disse nesta segunda-feira (16) que não vai tolerar a entrada dos países na Otan. “O nível geral de tensão militar aumentará, a previsibilidade nessa esfera diminuirá. É uma pena que o bom senso esteja sendo sacrificado por alguma disposição fantasmagórica sobre o que deve ser feito nessa situação em desenvolvimento”, disse vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, segundo a agência de notícias estatal RIA.

Turquia é contra o pedido

A Turquia, que integra a Otan há mais de 70 anos, demonstrou ter ressalvas contra as demandas dos países do leste europeu e levou suas questões, neste domingo (15), a uma reunião de ministros das Relações Exteriores da Otan, em Berlim.

De acordo com essas ressalvas, o governo turco pede que os países nórdicos suspendam o apoio a grupos militantes curdos presentes em seu território, como o PKK, e suspendam também as proibições de algumas vendas de armas para a Turquia. Segundo a Reuters, esses grupos militantes são definidos pelos turcos, pelos governos dos Estados Unidos e da União Europeia como terroristas.

Após a reunião, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse que as conversas com os representantes da Finlândia e da Suécia foram proveitosas, e os países apresentaram sugestões às demandas turcas, que serão analisadas nos próximos dias.

Por que a Turquia pode travar a entrada da Finlândia e da Suécia?

Pelo regulamento da Otan, um país só consegue integrar a Aliança militar se todos os 30 Estados membros apoiarem sua entrada no clube. Ou seja, um voto contrário ao pedido de entrada, é crucial para impedir a adesão dos países nórdicos, neste caso.

“Nossa postura é perfeitamente aberta e clara. Isso não é uma ameaça, não é uma negociação onde estamos tentando alavancar nossos interesses”, disse Cavusoglu. “Isso também não é populismo. Isso é claramente sobre o apoio ao terrorismo de dois potenciais Estados membros, e compartilhamos nossas observações sólidas sobre isso”, completou.