As sanções comerciais contra a Rússia, empenhada neste momento em tomar o controle político da Ucrânia, foram formas encontradas pelos governos do mundo inteiro para evitar um confronto armado contra a potência nuclear, ao mesmo tempo em que força Vladimir Putin a recuar no conflito instalado no país vizinho.

O Brasil, apesar de se posicionar contra a guerra, adotou na figura do presidente Jair Bolsonaro uma posição neutra (não existem críticas diretas à Putin), isso porque a Rússia é um importante agente comercial para o governo brasileiro. Em 2021, foram importados US$ 5,6 bilhões em produtos e matéria prima dos russos, sendo que cerca de 62% desses itens eram adubos e fertilizantes, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

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Com um volume comercial deste tamanho, tanto o governo federal, quanto o agronegócio, pisam em ovos quando o assunto é se posicionar contra a gestão bélica de Putin – ou, na outra via, apoiar e caminhar na contramão da geopolítica ocidental, neste momento completamente contrária aos russos.

Isso explica também porque Bolsonaro resolveu visitar Putin no mês passado, mesmo com os apelos da comunidade internacional para que ele evitasse um encontro desse tipo enquanto as tensões na Europa ainda eram menores do que agora. O governo dos Estados Unidos criticou formalmente a visita.

Além do risco de desabastecimento nas principais matérias primas do agronegócio, a falta de fertilizantes e adubos pode desencadear uma nova onda inflacionária, causando o aumento no preço dos alimentos. Em ano eleitoral, com a popularidade em queda desde o início da pandemia da Covid-19, pensar em inflação não está no radar da equipe política do presidente Bolsonaro.

Dependência comercial com a Rússia

Ao todo, foram gastos mais de US$ 5,6 bilhões em produtos russos no ano passado, aumento de 107% na comparação com 2020, empenho financeiro que coloca a Rússia na sexta posição de países com os quais o Brasil mais gasta.

Além dos adubos e fertilizantes, o Brasil também depende – em menor escala – do carvão, combustíveis, produtos semiacabados, produtos de indústria de transformação, alumínio, prata e metais da platina, entre outros.

Um levantamento feito pela Vixtra, fintech de comércio exterior, mostra quais são os produtos russos mais importados pelo Brasil.

– Diidrogeno-ortofosfato de amônio: US$889.095.810,39;

– Hulha betuminosa: US$ 411.738.423,17;

– Nitrato de amônio: US$ 397.119.747,44;

– Adubos (fertilizantes) minerais ou químicos, que contenham os três elementos fertilizantes – Nitrogênio (azoto), fósforo e potássio: $354.633.490.25;

– Alumínio: US$138.708.682,55;

– Hulha antracito: U$66.084.187,48;

– Malte: $64.032.076,51;

– Produtos laminados planos de ferro ou aço: $54.417.823,68.