Os Estados Unidos divulgaram nesta quinta-feira (10) o índice de preços ao consumidor (CPI) de janeiro e a alta de 7,5% na base anual, acima dos 7,3% projetados por analistas, deixou o mercado em ritmo de alerta. Essa foi a maior alta da inflação norte-americana em 40 anos, segundo dados do Departamento do Trabalho, e agora a expectativa é de que o Federal Reserve (FED), o Banco Central dos EUA, comece a apertar o ritmo de alta nos juros para conter os dados inflacionários.

O aumento na política de juros do FED, inclusive, já era sinalizada há mais de 1 mês e com os dados de hoje a expectativa de aumento de 0,50 ponto percentual já em março está cada vez mais palpável entre os agentes do mercado.

+ Investidores se preparam para Fed mais “hawkish” após forte alta da inflação

“O índice veio um pouco alto e não sugere que a inflação esteja atingindo um pico tão cedo. Isso pode significar que o Fed poderá se tornar mais agressivo”, disse à Reuters Peter Cardillo, economista-chefe de mercado da Spartan Capital Securities.

Como consequência da alta inflacionária, todos os principais índices norte-americanos operam em baixa nesta quinta-feira (10): às 16 o Dow Jones caía 1,14%, a 35.366 pontos; seguido pela Nasdaq com baixa de 1,33%, a 14.298 pontos e S&P500 em queda de 1,26%, a 4.529 pontos.

Como a inflação dos Estados Unidos afeta os negócios brasileiros?

Às 15h50 o Ibovespa operava em alta de 1,08%, negociado a 113.677 pontos. Durante a manhã, o principal índice da B3, a Bolsa brasileira, chegou a despencar para 112 mil pontos, perto de quando a notícia do Departamento do Trabalho foi divulgada, mas retomou tração de alta dos primeiros negócios da manhã logo em seguida.

Com a possibilidade de juros mais altos na ala norte do continente, a projeção de entrada de recursos em mercados emergentes como o Brasil deve ser afetada. Soma-se a isso todo o descompasso de inflação em dois dígitos e os juros em ritmo de alta que devem dominar o mercado doméstico durante todo o primeiro semestre – isso sem contar as eleições gerais no segundo semestre, que devem adicionar um pouco mais de tempero nessa equação.

“A alta do juro norte-americano vem em um momento delicado para o Brasil, já que poderá dragar recursos que seriam eventualmente alocados para países emergentes. Adicionalmente, se essa alta for muito abrupta ela pode trazer um cenário de aversão a risco mundial, o que prejudicaria igualmente os investimentos estrangeiros no Brasil”, disse em nota Fernando Dal-Ri Murcia, diretor de Pesquisas da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI).

Além disso, os títulos norte-americanos tendem a se beneficiar com os juros em expansão e os investidores podem buscar mais segurança nos negócios de renda fixa, com rendimentos atrelados ao aumento na política mais “hawkish” (mais firme) do FED.