Um dos cartunistas mais famosos do Brasil, Angeli anunciou sua aposentadoria nesta quarta-feira (20), aos 65 anos. Ele recebeu diagnóstico de afasia progressiva primária (APP) há alguns anos, porém sua condição piorou no último mês e a família optou por diminuir o ritmo de trabalho do artista.

A Afasia afeta a capacidade da pessoa se expressar verbalmente, compreender a linguagem verbal e escrita, além de afetar a capacidade de escrever. Trata-se de uma doença considerada pela comunidade médica como mais agressiva do que o Alzheimer e não tem tratamento ou cura.

+ Cartunista Angeli anuncia aposentadoria após diagnóstico de afasia

A APP foi a principal responsável pelo anúncio de aposentadoria do ator Bruce Willis, no final do mês passado. Com as habilidades cognitivas afetadas, Willis passou pela mesma situação que Angeli e a família anunciou seu afastamento de Hollywood.

O que é afasia?

Em entrevista à Dinheiro para explicar os efeitos da Afasia, a médica neurologista Luciana Alves explicou que a doença afeta a linguagem, a capacidade de produzir, compreender e repetir a fala, além de conseguir ler e escrever.

“A função da linguagem conta com a participação de amplas redes neurais em muitas partes do cérebro. A área da fala de Broca está localizada no giro frontal inferior. É responsável pela parte motora da fala, ou seja, da expressão”, disse Luciana.

Segundo a neurologista, um comprometimento nesta área gera a Afasia de Broca, em que a fala espontânea e a repetição são prejudicadas, apesar de a compreensão ser preservada. Lesões nessa região são causadas por acidente vascular cerebral (AVC), tumor, abscessos cerebrais, traumas de crânio e esclerose múltipla.

Dois tipos de afasia

Há dois tipos de afasia. A mais grave é denominada pelos médicos de primária. Ela está associada a doenças degenerativas e provoca a morte de neurônios. Neste caso, a evolução da condição é mais progressiva.

Na afasia secundária, acontecem doenças ou episódios de lesão no cérebro, como o AVC, traumatismo craniano e doenças infecciosas. Apesar da dificuldade em lidar com a fala e a compreensão da linguagem, o paciente pode receber tratamento como fonoaudiologia, por exemplo, ou uma reeducação de hábitos que ajudem a prevenir o AVC.

O diagnóstico da APP é feito através de uma ressonância nuclear magnética.