O mês de novembro foi agitado no cenário externo para os dois principais nomes na corrida eleitoral de 2022. Tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o ex-presidente Lula estavam em missão fora do Brasil. Ao chefe do Executivo, cabia uma busca por petrodólares dos endinheirados do Golfo Pérsico, ao petista uma aproximação com governos europeus que já se mostraram abertamente contra a condução, em especial das políticas ambientais, do atual governo. Já de volta ao Brasil, no Palácio do Alvorada, Bolsonaro teve acesso à coleção de fotos que o petista tirou com líderes europeus, o que teria deixado o atual presidente bastante irritado. Questionado por jornalistas, Bolsonaro disse que o encontro do ex-presidente com o primeiro-ministro francês Emmanuel Macron foi uma clara “provocação”. E no Itamaraty, assessores articulam com diplomatas de países europeus ultraconservadores, como Hungria e Polônia, uma caravana presidencial para o início de 2022. 

“O que interessa para alguns países do mundo é ter alguém sentado nessa cadeira que eu estou aqui simpático à política deles”, disse Bolsonaro sobre o encontro de Lula com Macron. Além da França, o petista teve encontros com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez e o futuro primeiro-ministro alemão Olaf Scholz. “É a mesma coisa se chegar o Maduro aqui no Brasil, vamos supor… Ele vai ser aplaudido pelo pessoal do PSOL, do PDT, do PCdoB e do PT na Câmara dos Deputados. Não quer dizer que a Câmara apoie isso que está acontecendo na Venezuela. Então, tudo é um jogo político”, minimizou. 


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Caso se confirme uma viagem do presidente Bolsonaro à Europa, o encontro com líderes de países que possuem agendas religiosas e conservadoras é natural. Entre os potenciais anfitriões estão Viktor Orbán, primeiro ministro da Hungria, ou Mateusz Morawiecki, que ocupa o mesmo cargo na Polônia. No entanto, tais visitas agregam muito pouco na diplomacia e comércio internacional. Segundo Samantha Bragança, professora de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB), esses encontros são pouco frutíferos internacionalmente porque o peso desses países, mesmo na União Europeia, não é decisivo. “São nações que podem se apoiar em pequenos acordos de cooperação, mas não muda muito o cenário internacional para o Brasil”, disse. Sem o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o plano do governo Bolsonaro era tentar uma aproximação com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. O problema é que no encontro entre os dois, durante a 76ª Assembleia Geral da ONU, o inglês insistiu que Bolsonaro se vacinasse, e a associação entre os dois foi muito criticada pelos tabloides do Reino Unido. Recado dado. No mais recente encontro dos dois, durante a cúpula do G20, o gelo foi evidente e o único isolamento praticado por Bolsonaro desde o início da pandemia também.