O Brasil é o maior produtor de laranja e o maior exportador de suco dessa fruta. Mas os dois últimos anos foram dramáticos para os produtores, que sofreram com episódios seguidos de secas e geadas. Para piorar o cenário, piorou a incidência de pragas e doenças nas lavouras. Um monitoramento realizado pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) apontou que em 2021 a doença de greening (que provoca desfolha e morte dos ramos) alcançou cerca de 22,4% dos laranjais do cinturão citrícola, que engloba a parte do interior paulista, do Triângulo Mineiro e do sudoeste de Minas Gerais. Para evitar que novas safras sejam perdidas em função do clima ou de praças, pesquisadores e produtores têm se unido no investimento em melhoramento genético das plantas. Cinco novas variedades de porta-enxertos (a base sobre a qual a muda irá se desenvolver) estão sendo usadas em viveiros paulistas. Elas são recomendados pela Empresa Brasileira de Pesquisa em Agropecuária (Embrapa) por oferecer maior resistência a eventuais ataques.

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No século 19, a quase totalidade dos parreirais da Europa foi destruída por uma praga chamada filoxera, que ataca a videira em uma área do caule pouco acima da raiz. A solução para salvar as vitiviniculturas foi adotar um porta-enxerto resistente à filoxera, sobre o qual é possível cultivar todas as variedades de uvas viníferas, como syrah, cabernet sauvignon e chardonnay. A mesma técnica é usada na citricultura. Pesquisadores perceberam que frutas cítricas como a tangerina e o limão possuíam variedades menos vulneráveis a ataques como a da bactéria Candidatus liberibacter ssp, causadora do greening, e passaram a utilizá-las como porta-enxertos para laranjeiras.

Até 1970 apenas uma variedade de porta-enxerto era utilizada. Desde então, o cenário mudou e mais variedades estão ganhando espaço nos pomares paulistas. Para o pesquisador da Embrapa Orlando Sampaio, manter no pomar diferentes porta-enxertos reduz a chance de que a safra seja prejudicada por infestações indesejadas. “A Embrapa vem alertando os produtores há muitos anos sobre isso”, afirmou.

Atualmente, a tangerina Sunki BRS Tropical e o trifoliata Flying Dragon aparecem, respectivamente, em cerca de 9% e 3% dos viveiros de São Paulo, onde, segundo a Embrapa, também existe participação dos citrandarins Indio, Riverside e San Diego. Atualmente, a Embrapa tem mais de 30 experimentos, sendo que as unidade de validação possuem mais de mil combinações de copa e porta-enxerto sendo experimentadas em áreas de produtores parceiros.