O Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), iniciou seus trabalhos neste domingo (22) e, como era de se esperar, crise climática e guerra na Ucrânia são dois dos temas mais urgentes nas pautas e rodas de conversa entre as autoridades. Suspensa pela Covid-19, essa é a primeira reunião do Fórum em dois anos e a primeira sem a Rússia.

O Brasil, cada vez mais afastado dos grandes assuntos e da comunidade internacional, não contará com a presença de Jair Bolsonaro, que será representado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

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Além dos dois e de Gustavo Montezano (presidente do BNDES), presidentes dos principais bancos do País e lideranças de grandes empresas brasileiras também estarão no evento.

Agenda de Guedes

Guedes está marcado para falar na quarta-feira (25) em um painel com o ministro da Economia da Itália, o diretor do Banco de Desenvolvimento da África do Sul e um diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI). O tema da mesa será a dívida global.

Fora da agenda oficial do evento, hoje Guedes vai se encontrar com empresários, como o copresidente da gestora General Atlantic e chefe das operações na América Latina do fundo de private equity, Martín Escobari. Acionista no banco digital Neon, a GA administra mais de US$ 86 bilhões e, recentemente, comprou um bloco de ações da Locaweb na B3.

À noite, um jantar oferecido pelo BTG Pactual contará com o head do conselho, André Esteves, como anfitrião. Próximo de Guedes, o banqueiro foi clicado ao lado de Elon Musk, durante a passagem relâmpago do multibilionário pelo Brasil, na sexta-feira (20).

Agenda ambiental

Central nos debates ambientais, dada a extensão da camada vegetal no país, o Brasil é vidraça no tema. Cada vez mais afastado da agenda climática e com um comportamento praticamente nulo na luta contra as queimadas e o desmatamento, a gestão Bolsonaro vive de desenhar um conto de fadas nos encontros internacionais.

Quarta-feira (18), no entanto, a ONU lançou um novo informe com os resultados de levantamentos sobre diversos indicadores climáticos. Um dos alertas apontava para o desmatamento na Amazônia e a falta de empenho do governo em resolver o problema.

Inflação

Outro tema que preocupa as lideranças econômicas é a inflação, que disparou assim que a Covid-19 arrefeceu.

Um levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) feito no início do mês, mostrou que o Brasil conta com a terceira pior inflação entre os países do G20. Enquanto a Turquia amarga uma subida nos preços na casa dos 61,1%, seguida pela Argentina, com 55,1%, o Brasil conta com 11,3%.

Desemprego

Na esteira de problemas aprofundados com a pandemia, o desemprego também será tema em Davos. Dados de abril, apontados em um relatório da agência de classificação de risco Austin Rating, mostram que o Brasil amarga a 9ª posição entre as economias com pior nível de desempregados.

O país perde somente para a África do Sul, Sudão, Cisjordânia e Gaza, Armênia, Geórgia, Bósnia e Herzegovina, Macedônia do Norte e Bahamas.

Energia

Com a guerra na Ucrânia, a Rússia (uma das maiores fornecedoras de gás no mundo) deixou de ser o principal player de exportações no mundo. Nesta segunda-feira (23), o chefe da Agência Internacional de Energia (IEA), Fatih Birol, disse que a guerra vai colocar o mundo em uma dependência ainda maior dos combustíveis fósseis.

No Brasil, um dos problemas é a falta de chuvas e a ativação das caras usinas termelétricas, que encarecem o valor final para o consumidor. Com problemas na cadeia, o País não consegue apresentar alternativas aos problemas encontrados em outras regiões.