Metade de tudo o que o agronegócio exporta passa pelo cooperativismo, e o sistema avança no comércio exterior com o objetivo de depender cada vez menos de intermediários, negociando diretamente. Essa é a visão do presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), Arnaldo Bortoletto. Uma sinalização de que, embora significativa, a expansão do cooperativismo no agronegócio ainda não reflete seu verdadeiro potencial. “Deveria ser muito mais forte”, afirmou.

Primeira cooperativa de plantadores de cana de São Paulo, a Coplacana completará 74 anos em outubro com uma atuação bem mais diversa. Antes exclusividade, agora os canaviais representam 60% dos negócios, que também envolvem grãos, com oito silos para 660 mil sacas de soja e três para 400 mil sacas de milho; confinamento de gado de corte para 3 mil animais; e fábrica de rações. A meta é intensificar a atuação nesses segmentos e entrar em outras culturas, como trigo e amendoim. A ampliação também é geográfica: são 32 filiais distribuídas por São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná. E há mais três a serem inauguradas.

Há muito se sabe que cooperativismo desempenha papel relevante, diz Campo Neto

A receita para a expansão é semelhante à das empresas mais bem-sucedidas em qualquer setor: gestão profissional e estratégica. “É uma transformação que ainda está em curso, com governança corporativa, atualização de estatuto e contratação de profissionais para diretorias comercial, de negócios e operações e administrativa- financeira”, afirmou Bortoletto. Esse processo permite prever um faturamento de R$ 4,5 bilhões para este ano, 40,6% a mais do que os R$ 3,2 bilhões de 2021.

A relação com os mais de 14,4 mil cooperados é outro pilar desse fortalecimento. De um lado, a Coplacana busca o melhor atendimento. Como a procura por soluções que amenizem o aumento dos custo de produção. “Uma tonelada de fertilizante custava entre 16 e 17 toneladas de cana no ano passado. Agora, mesmo com o preço da cana subindo esse custo passou para 30 toneladas”, disse Bortoletto. De outro, cresce o interesse dos associados pela gestão da cooperativa, por entendem que são donos de fato. Daí a aproximação da direçaõ com as novas gerações, poir quanto mais cedo a profissionalização chegar aos cooperados, melhor e mais integrada será essa gestão. Afinal de contas, o agro é negócio.